Lua Cheia II

on sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Seu semblante mudou. Seu pequeno sorriso sumiu. Voltou à realidade, à sua perturbante realidade. Dirigiu-se à porta e abriu-a com um gesto impaciente. Era seu irmão que o olhava com um olhar pedinte, cansado.

- O que é? - perguntou num tom grave
- Nada... só queria saber se tu tem um lápis que me empreste
- Não sei, espera aí... - abriu o estojo novamente e deste pegou um lápis desgastado, bem velho, em que não havia mais espaço para segurar firme com as mãos
- Pegue, é o único que tenho
- Tudo bem... obrigado
- Tá - e fechou a porta antes do seu pequeno irmão completar a palavra de agradecimento

Incomodou-se. Começou a indagar-se o porquê de agir tão duramente. Gestos grosseiros e frases arrogantes, curtas... sem sentimentos. Fitava o chão, cabisbaixo, e via seus pés descalços, livres, sujos. Não cuidava bem deles. Algumas imagens de seu passado o tragaram para uma sala escura, solitária. Sentado num banco, no centro da sala, ele estava completamente absorto. De repente, uma grande luz, projetada na parede defronte dele, exibia uma forte claridade que, aos poucos, teve sua intensidade diminuída. Ele havia protegido a visão daquela com o seu braço direito. Quando notou a suavidade na qual a brilho estava mergulhado, devagar desvelou a vista.

Na grande tela, algumas cenas aleatórias de sua vida perpassavam-no. Elas fizeram-no, subitamente, derramar lágrimas, cujas gotas, uma a uma, iam iluminando e abrindo o caminho que deveria seguir. Era uma trilha nova, diferente, mais frondosa e viva. Esta estava na grande tela. Só ela, agora, a única cena que se mostrava. E ele continuava sentado, porém numa sala mais iluminada pelas gotas doridas e arrependidas, as quais, sem expressar qualquer palavra, lutavam para ajudá-lo a seguir em frente.

Levantou-se e começou a caminhar em direção a envolvente tela. Para adentrar à nova vereda. Precisava, somente, de um movimento: o de abrir uma porta. Ao se aproximar, sentiu o peso desta. Emitia uma onda repulsiva, como se quisesse testar a força dele. Respondia fincando seu pés no chão, mais limpos. Segurou a maçaneta, fechou os olhos e... toc, toc, toc!!

Ao abrir os olhos, espantara-se. Tremia. Tinha-se desenhado em sua face um semblante pungente. Tentou em vão retirar o peso mofino de suas costas. Descerrou a porta. Era seu irmão novamente. Veio devolver o inútil lápis.

- Tá tudo bem? - indagou o irmão surpreso, segurando o lápis
- Sim, sim... tá tudo bem - respondeu desconcertado ele
- Então tá... o lápis
- Tá...

E fechou a porta. Ainda segurando a maçaneta, cerrou a vista e num movimento impulsivo e inesperado, largou o lápis, saiu do quarto e chamou o irmão com voz trêmula. Ao avistar este, ficou um tempo parado, hesitante. Não compreendia muito bem a loucura das suas sensações, das suas vontades há tanto tempo comprimidas. Não era necessário a compreensão. Era sim, necessária, a ação, a atitude.

Caminhou mais tranquilo na direção de seu irmão e o abraçou. Suas pungentes atitudes de outrora dispersavam-se em pranto incessante. Pediam desculpas e um recomeço na nova vereda.

A porta, cuja abertura dava acesso à natureza bela do recomeço, não atirava mais suas ondas repelentes. Sentia agora a calmaria. Sentia-se mais seguro, mais robusto. Não quis olhar para trás. Seguiu em frente a vereda frondosa, ele e seu irmão, ambos esbanjando o mais sereno, inconstante e bonito sentimento: a Felicidade. E para a lua cheia esta jorrava seu clamor fulvo, cujo reflexo tentaria distribuir, para outras pessoas cobertas pelo rebuço negro e frio, os sãos e bons sentimentos tocados por ele, que deitado estava, em seu quarto, sonhando em como concretizar seus sonhos, que pareciam tão impossíveis de alcançar.

E a lua cheia ainda o guardava... toc toc toc!

Lua Cheia I

on sábado, 25 de dezembro de 2010
Mas era tão difícil acreditar. As pessoas podem dizer o quanto quiserem: "Se você quer realizar um sonho, basta querer". Basta querer... será?

Ele não podia simplesmente desvincular sua vida particular da vida de seus familiares... "Queria" - pensava. Alguns segundos depois, recriminava-se pelo que dissera, mesmo sabendo que talvez fosse mais fácil concretizar os seus objetivos sem ter que se preocupar com a sua família. Atender um ou outro membro desta sem ganhar absolutamente nada em troca, a não ser o tão fácil e simples: "Obrigado". Às vezes tentava esquecer todos esses devaneios, apenas seguir em frente, realizar as suas atividade diárias e pronto. Contudo, não conseguia.

Deseja a solidão como sua companheira; sair da dependência paterna e residir com aquela. Arrumaria seus pertences a seu modo, sem interferências. Ganharia a noite com os amigos sem ter a constante ânsia em saber as horas. Viveria segundo suas regras sob regras maiores envoltas na sociedade.Imaginava-se dono de si, sobre o total controle de suas ações.

Tinha-se posto na cama às 13:20. Havia planejado iniciar os estudos de Matemática às 16. Porém, várias palavras e imagens batiam à porta de seus vislumbres, tão matematicamente incalculáveis e inesperados. O tempo já denunciava a chegada da noite que traria consigo algumas belas estrelas e a lua cheia. Gostava da lua assim. Poderia fitá-la e tentar visualizar as crateras de seu corpo amarelado e mergulhar acordado em sonhos inconclusos. Mudara de ideia quanto à Matemática. Decidira ler um livro. O ambiente estava surpreendentemente tranquilo. Os seus irmãos e o seu pai desapareceram. Ficou feliz um instante, mas logo seu semblante mudara, adquirindo a indesejável aparência da melancolia.

Levantou-se da cama e sentou-se na mesa localizada num canto de seu pequeno quarto. Abriu o estojo e sacou de dentro uma caneta azul. Em cima da mesa tinha um caderno, onde escrevia textos diversos, onde transbordava intrépido os seus sentimentos completamente despidos. Jorrava as mais profundas sensações adquiridas ao longo do dia, ao longo da semana, ao longo dos anos. O tempo não importava. Entretanto, nada escreveu. Guardou a caneta azul e ficou a apreciar a beleza hipnótica da lua cheia, que já se mostrava impudica aos olhares graciosos e desregrados dos que se deixam enlear pelas coisas da natureza.

Esquecera-se do livro que ia ler. Nada mais continha significado relevante. Aquela imagem tragou-lhe a sensatez e a razão. Viajava. Achava-se em algum lugar em que, com certeza, voava, pois seu rosto exibia tão singelo um sorriso sem mostrar os dentes frontais. Só um sorriso, que lhe recobrou memórias da criança adormecida em seu âmago, despertada à luz daquele fulgor...

Frágeis Asas

on sábado, 11 de dezembro de 2010
Olhava, deitado no sofá, para o teto, atento, a vislumbrar algo, a visualizar cenas de sua vida que passava tão rápida... tão lentamente. Hoje, mais rápida do que lentamente.

Lembrava da sua tragédia, a qual colocou uma barreira, um muro que limita algumas de suas vontades. Ele transpõe aquele, pelo menos tenta, pois só assim sentirá que realmente está vivendo.

Está vivendo, mas sua vida...

... A sua vida avista a morte a cada passo ilegal na realização de seus desejos proibidos.

Olhava, deitado num jardim, o céu azul, limpo... e percebeu que não importava o quanto a sua vida diminuía, pois ao ver aquela vastidão, decidiu voar o mais alto possível com as suas frágeis asas e alcançar os seus mais diversos sonhos...

Tempestade Final

on quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Mas em sua frente não conseguia ver nada além da criança, o que o perturbava. Não tirava seu olhar dessa. Ficou a observá-la por bastante tempo até finalmente tomar uma resolução: começou a caminhar na direção daquela, mesmo sem ter em mente um motivo para aquilo, não que lembre de ter-se posto algum. Simplesmente, suas pernas começaram a mover-se, mais por instinto do que por razão. Seus pés não pareciam mais tão tristes e tão incomodados com os passos alheios. Seu sangue circulava mais rápido, mais vivo; em sua visão era perceptível um brilho ainda introvertido. E chegou, chegou perto da criança.

Acocorou-se para nivelar sua altura com a dela. Esta, por um instante, levantou sua cabeça para ver quem era o estranho, logo a abaixando novamente. Ao perceber que ele não ia embora, voltou a erguer o rosto, cuja palidez era camuflada pela impetuosa Tempestade. E os dois encararam-se. Sem hesitar, ele abriu os braços e envolveu aquela com estes. Era um abraço, um abraço. Sem hesitar, também, finalmente fechou os cansados olhos. E a Felicidade em seu rosto esculpiu um sorriso...

Ao levantar as suas pálpebras, notou que o ambiente em seu redor havia mudado completamente. Achava-se sentado numa cadeira de balanço na varanda de uma casa. O céu estava limpo e a rua repleta de passantes. Porém, não era a tela de seus sentimentos.

Sem notar, suas lágrimas, que saiam de seus olhos e que caiam sobre seu peito descoberto e senil, faziam retumbar em seu coração a Tempestade de angústias e de arrependimentos, os quais pincelavam naquela um retrato, um retrato de uma vida, de uma vida quase morte.

Tempestade II

on domingo, 22 de agosto de 2010
... A saída para outro mundo. Não sabia como ele poderia ser, talvez fosse pior, mais castigado, mais frio. Mas poderia ser melhor. Receava um pouco em arriscar uma ida que não tivesse uma volta segura. Se bem que não lembra muito bem do sentimento de segurança. Suas lembranças da infância sumiram, melhor, não queria lembrar. Foram momentos de felicidade os quais não retornarão mais. Não tinha essa esperança. Não, não. Tinha esperança sim. Ela não se manifestava sempre, não andava sempre de mãos dadas com ele, porém, vez ou outra, empurrava-o, dava-lhe conselhos escutados apenas por ele. E seguia. Não poderia pensar ser esses ruins, pois pensava que tudo advindo dela é bom.

Chegou, finalmente, onde a luz frouxamente clareava. Viu uma criança sentada no chão, encostada num muro, abraçando suas pernas, de cabeça abaixada. Estava chorando. E ele ficou olhando apenas, sem saber o que fazer. As gotas, de agulhas frágeis e sem força, passaram a pesadas pedras de martírio.

O barulho delas sobre o asfalto confundia-se com o choro incontido daquela. Ele procurava em seus devaneios uma explicação para sua esperança tê-lo conduzido até ali. Que atitude essa espera dele? Onde seus passos inertes objetivam estar? Essa criança quer dizer-lhe algo?...

Muitos questionamentos vieram tirar-lhe a calma e a passividade, as quais o envolviam há muito tempo. Ele simplesmente vagava em busca de algo, em busca de uma resposta. Esta, quiçá, estivesse em sua frente...

Tempestade I

on sexta-feira, 20 de agosto de 2010
A chuva caía fina. O céu estava coberto por densas nuvens negras. A rua encontrava-se um pouco solitária, praticamente deserta. Poucas pessoas a caminhar, algumas com, outras sem uma sombrinha ou uma capa que as protegessem das gotas que mais pareciam agulhas frágeis e sem força.

Ele estava sentado numa calçada. Observava os passantes, a negritude, as sombras e o feixe de luz gritando desesperado e com medo. O cenário desnudava-se, exibindo impudicamente a passagem pela qual viria a caminhar imponente e irreverente ela: a Tempestade.

O rapaz fazia parte do grupo de indivíduos sem proteção. Porém, diferente dos demais ao seu redor, apresentava-se maltrapilho e só. Só? – pensou. Enquanto refletia sobre isto, seus olhos iam perdendo a pouca vivacidade que tinham, suas mãos, sujas, não tinham coragem de tocá-lo e de encará-lo, seus pés, descalços, choravam ao escutar o reboar frio dos passos tristes e pesados dos transeuntes e seu coração temia ser atingido pela frígida sensação da morte, da morte social.

As pessoas, ao se aproximarem dele, direcionavam em sua direção o olhar, o qual logo rumava noutra direção. Ele, para aquelas, parecia ser o nada, para onde em um nado desenfreado elas descobririam apenas o desespero de uma realidade da qual não fazem parte, mesmo cruzando-a diariamente.

Não se entristecia com isso. A vida que levava calejou seu coração, cujas emoções, não todas, outrora espontâneas, foram perdidas. Sua visão, cansada, via simplesmente e sem muito esforço apenas o preto e o branco. O seu Dia possuía vestimentas de cores desobedientes, pálidas. Constantemente pensava, pensava na vereda a ser trilhada após levantar-se, após dizer à Inércia suas inquietações, após ver uma luz mais serena, mais calma, a iluminar timidamente, sem muita energia algo que parecia ser a saída...

Flor Morena

on sábado, 3 de julho de 2010
Eu já não sei como olhar para você.
Simplesmente, embriagou-me
Com seus olhos que tecem
Devagar a divagação de um sentimento:
A vontade de tê-la em meus braços
A desenhar pacientemente um pouco
Na pele dos meus nus sentimentos
Os seus ainda tímidos e cobertos.

Quero poder ter dos senhores,
Que um dia a tomaram e ficaram presos
No espelho sem saída da sua beleza
Que lesa os incautos, calmos,
Em cujos corações têm cavados
O vazio da não reciprocidade daqueles
Olhos,
O acalanto apaziguador.

Por enquanto, contento-me em procurar
Um novo caminho até você.
Não estás longe, mas também, não estás perto.
Costumo sentir o vulto de sua mão
Às vezes a tocar levemente
A direção do meu olhar cujos pés só conhecem
A vereda em cujo fim está você
A querer me mostrar outros caminhos.

Ah!

Minha vista dirige-se a um abismo
Cuja profundidade e largura permitem apenas
A percepção vaga de sons inaudíveis e vontades reprimidas
Trêfegas e intáteis por mim

Agora, só, na escuridão de meus pensamentos
Procuro trazer sua imagem alegre, seu caminhar faceiro,
Sua voz carinhosa, seu riso meigo,
Sua elegante formosura enfim
Para eu poder, assim, esbanjar sorridente
A felicidade por dizer ao Mundo:

És bonita
A sua beleza não se exibe. É discreta. É gentil.
Quando seu corpo é tocado pela fluidez das águas,
Aquela perde a inibição e escancara intrépida
As minúcias de seu traje trigueiro.

A felicidade por saber da sua existência
E mergulhar, brincar e pular feito criança
Em sua natureza onde a flora e a fauna
Respiram um único ar, a fragrância inconfundível
Do perfume que circula leve e sai impudicamente
Dela: a Flor Morena.

E...

on quinta-feira, 24 de junho de 2010
E, do mistério de meus dias, resolve participar a misteriosa e encantadora menina...
Garota e mulher...
Ela.
Você.

“Quando você pinta tinta nessa tela cinza...”
E contorna as linhas, isentas de cores, do meu dia com o seu sorriso colorido...
E preenche os meus estranhos desenhos com as mais belas percepções visuais possíveis da tua presença...
E faz uma aquarela de nossas tintas misturadas e dissolvidas no leve gosto doce e atraente do contato de nossas bocas.

“Quando você chega nega fulô...”
E me encanta com a beleza da tua pele morena bronzeada pelo sol natural de nascença...
E, nos longos fios dos teus cabelos, o motivo para o charme intrigante da inquietante espera...
E me olha com estes olhos negros, claros, castanhos, esverdeados e envolventes pela luz do ambiente e pela árvore promovedora da confortável sombra que nos acolhe no banco da pracinha ueceana.

“Quando você fala bala no meu velho oeste...”
E me conta casos e acasos e descasos e romances com voz calma, baixa e penetrante...
E me convence a cada fonema proferido e a cada gesto dirigido que não se seduz por querer, mas se quer por seduzir...
E perco completamente o sentido de oeste, leste, norte ou sul, pois o único sentido que interessa é o norte que me leva ao paraíso da tua boca.

“Quando você olha molha meu olho que não crê...”
E me encara sem medo de enxergar na mais profunda camada da minha íris os meus mais abstratos segredos...
E te observo na rotina de dormir e na beleza de existir e na simplicidade de piscar e na singularidade de sonhar...
E a descrença no real se torna quase evidente quando a lembrança do antes irreal vem à tona e a alegria pela metamorfose se faz presente.

“Quando você faz a minha carne triste quase feliz...”
E dá sabor aos meus dias com o sal do teu calor...
E dá amparo aos meus anseios com a força do teu abraço amigo amante delicado...
E dá segurança à insegura mão minha com a tua linda mão acolhedora.

Na escuridão clara dos teus olhos, encontrei o fulgor desses meus dias de escura luminosidade.

“Você me faz parecer menos só... Menos sozinho.”





Texto em itálico: trechos da música “Skap” de Zeca Baleiro.

Su'alma

on sábado, 19 de junho de 2010
Me avise quando você voltar
Me avise quando você olhar
Para mim e não lembrar dele
Sem ficar
Triste

Me avise quando eu posso falar
Com você sem deixar que seus pequenos
Olhos caíam, se esquivem
Tomem rumo que não seja a direção
Dos meus

Me avise quando posso marcar em sua tez
Uma ponte, uma praça, uma praia
Um encontro com su’alma clara, vida viva
Por mil acasos e descasos, por mil encontros e
Infelizes desencontros

Me avise quando os meus negros olhos podem
Mergulhar na profundidade dos seus
E dizer firme envolto por sentimentos à flor da pele
À pele da Flor que por muito tempo tornou
Os ares em minha volta o perfume único que
Respira com riso, só, a alegria de minha boca:
É... ela gosta muito de mim

Me avise quando do abraço que eu lhe der
Você sinta o calor brando do meu amor que
Agora forte, agora ardente, agora tudo

Faz você não ficar triste
Faz você olhar

Para mim

Aurora

on sábado, 29 de maio de 2010
Quatro e meia da manhã. Acordo alvoroçado, ainda, sob a escuridão pálida da madrugada silenciosa, aconchegante, chamativa ao sono parcialmente perdido por uma perturbação. Uma crise alérgica iniciou-se em minha região nasal com espirros violentos. Após algum tempo, cerca de cinco a sete minutos, aliviei-me do congestionamento nasal. Debalde tentei dormir, passei a escutar alguns sons que atraíram minha atenção e assassinaram a queima roupa o pouco sono que tentava me dominar.

Erguido, os pés sobre o tapete nu, o piso frio, tentava encontrar minhas chinelas no quarto escuro. Não ligava a luz para não acordar meu irmão. Fiquei a observar o céu, ainda em trevas pela fresta da pequena janela da área de serviços. Depois de alguns minutos, fui escovar meus dentes e, quando fui merendar, o sol, invencível cavaleiro, mais uma vez, derrotara rápido o escuro céu.

A manhã mostrava seu canto por intermédio dos pássaros, seu porta-voz mais intrépido e gentil. Alguns são um pouco mal educados. Vez ou outra eu escuto uma reclamação sobre o pombo irreverente e extrovertido.

As notas, algumas suaves, outras irritantes, soavam como um coro de louvor àquele que nos desperta para mais um dia de labor. Dia no qual uns riem, uns choram, uns vivem, outros, por má sorte ou não, morrem a sonhar com os sonhos não alcançados em vida.

Amizade

on quinta-feira, 27 de maio de 2010
Os amigos não escolhemos,
Amizade não se compra.
Não é feito uma mercadoria qualquer
Que logo vemos num chão de rua,
Mas sim feita de uma substância
De origem desconhecida
Que não se encontra em escuros becos
Ou em solos enlameados;
Nem mesmo em ruelas, onde é vendido
Clandestinos sentimentos.

Essa substância, esse produto misterioso
Com a qual é alicerçada a amizade,
Propicia pilares circundados por algum
Tipo de energia provinda do lugar mais remoto do coração
De cada ser.

O teto da verdadeira amizade é incólume,
Inexorável a qualquer intempérie.
A pior das tempestades é destruída
Pela mão pesada pluma do coração,
Nada, nada, nada
É capaz de abalar a verdadeira amizade
Cuja construção, além de demorada, requer
Ingredientes que não se encontram no mundo exterior
E sim no interior de cada pessoa:
Tempo, convivência, proximidade, brincadeiras,
Alegrias, tristezas, felicidade, confiança, intimidade, enfim,

Amizade.

Lágrimas

on quarta-feira, 26 de maio de 2010
Sob sol quente elas caiam
Incontroláveis sobre um controle vão
Pois não dava para mantê-las, são
Como cristais que ruíam.

Os dois, conectados, sabiam
Das sensações perpassadas. Então
Disseram um ao outro no clarão
A indizível sensação. Concebiam

Aquelas, no reboar dos sons, contidas,
O tempo o qual, depois, voltará a lembrar
Das palavras murmuradas, caídas

No profundo sentimento a celebrar
O fraterno amor da bem vinda... vidas
Cujos momentos quererá bem recobrar.

Sorriso

on segunda-feira, 24 de maio de 2010
Do sorriso, sempre falo bem dele.
Não tenho motivos para mal falar.
Quem não gosta dele?
De soltá-lo,
De recebê-lo,
De vê-lo.

Hoje, olhei para um que tem uma força incrível,
Uma força que prende, que enlaça sem dó.
É uma prisão da qual não sairia.

Jamais.

Ele é rápido contudo.
A sensação transmitida é longa, muito longa.
Ao seu lado está a expressão séria
Que insiste em dominar a outra.

Hoje, elas alternavam-se bastante.
Não havia o devido controle.

O sorriso: a felicidade, o mascarar desta.
Só riso: amargo, estranho, porém sorriso.

Ao sorriso: obrigado.

Você

on sexta-feira, 21 de maio de 2010
Eu vou por um caminho, perdido
A procurar incansavelmente a verdade
Acabei, com tudo, encontrando a saudade
Embebida com o vinho feliz sentido.

Parei, cansado e, finalmente vencido
Com você deparei-me e feito um abade
Recolhi-me num canto que acolhia o alarde
O medo, as angústias, agora, reprimido.

A Coragem bebi, cheguei perto e disse: venha!
Você, com majestoso sorriso, um pouco hesitou.
Os seus passos, leves, curtos, dizia-lhe: me contenha!

Pois bem conhecia a estrada. Você caminhou
A segurar as mãos minhas suadas. Com você tenha
Espero que a felicidade... pelo rumo... em que me vou...

Ele e ela

on domingo, 9 de maio de 2010
Ele se viu num ambiente diferente, apesar do lugar ser o mesmo. Novas pessoas pareciam circundá-lo, apesar de algumas destas também serem as mesmas. Sentia-se, de certa forma, com o desafio de reconquistar as amizades enfraquecidas. Principalmente a dela. Mas será que houve um enfraquecimento na amizade? – perguntava-se.

Seu olhar era esguio. Seu sorriso arqueava-se fraco. Não se aproximava dele como antes. É o que transmitia em suas ações. Afinal, o que ele fez a ela? Nada. Porém, ela, mergulhada em pensamentos e em sentimentos conturbados, dolorosos, levou-se rumo a um imperceptível distanciamento vagaroso. Ele, ainda sem saber o que fazer, sem saber como agir, pensa, pensa muito. Ele sente-se triste por isso. Gostaria de voltar no tempo e poder, com tal capacidade, evitar os erros e as atitudes impensadas.

Entre eles há um grande afeto, há um grande carinho. O que ele sente por ela é algo que vai além da ternura. É uma amizade indelével.

Amizade enfraquecida. Isto não é verdade. O que prova aquela firme é o simples gesto do abraço, carregado de variados sentimentos que fazem o tempo passar mais lento, que fazem ele(s) querer(em) que o tempo não passe. O aconchego do gesto demonstra a enorme quantidade de palavras não ditas, mas sentidas.

Tempo, tempo, tempo. Não importa o quanto avance. Ele e ela estarão próximos e, ao mesmo tempo, quiçá, distantes. Isto ele não quer, não quer. E a amizade os acompanhará como um elo inquebrantável. Assim, ele deseja...

Monólogo

on sexta-feira, 7 de maio de 2010
Quando o olhar já não é somente um olhar.
Quando não estás onde estás.
Quando observar fixamente algo que não é notado por ninguém se torna um suporte para viajar no teu próprio eu, como, por exemplo, ficar a analisar uma formiga que faz o seu percurso de trabalho diário tranquilamente em um canto de parede qualquer.
Quando não escutas mais o que te cerca e a única voz audível e forte é a da tua própria consciência.
Quando a mais simples resposta se torna a mais dolorosa das perguntas.
Quando a certeza existente é mais duvidosa do que as tuas incertezas.
Quando o abismo misterioso está diante de ti e te parece demasiado atraente.
Quando a imaginação de uma possível queda cria situações absurdas.
Quando o pedido para que tudo acabe se torna oração.
Quando o vermelho evidente de sua apresentação se faz presente.
Quando o espelho da alma lança uma chuva salgada e inevitável sobre o solo não tão firme quanto antes.
Quando os devaneios se superam e tu passas a acreditar que toda aquela realidade surreal é apenas um sonho ou um pesadelo que salta aos teus olhos.
Quando acordas.
Ou será que ainda dormes?
Não, não estavas a dormir. Era real. Era tudo conflituosa e inimaginavelmente real.
E se todas as afirmações anteriores forem interrogações?
E se o “se” não fosse apenas um “se” e, assim, pudesses mais do que apenas imaginar?
E se as respostas de todos os teus questionamentos fossem automáticas?
E se não existissem perguntas?
Procure um sentido maior do que apenas um pequeno direcionamento em tuas vivências diárias, aliando de forma construtiva aquilo no qual acreditas e que queres que aconteça.
Tente e me descreva o que acontece.
Não queira que isso aconteça novamente, mas também não queira ficar parado no tempo, pois o tempo não fica parado em você.
Não espere que todos te compreendam e nem que te entendam, pois isso é uma necessidade desnecessariamente importante nos dias de hoje. Nem tu consegues tal proeza.
Normalmente os analisadores não se compreendem.
Noite.
Aquela folha verde que hesitou em balançar à brisa fraca e à neblina calma daquela noite.
A proteção que evitou que, devido às tuas dúvidas, tragédia maior ocorresse, sentiu vontade de apanhar-te no colo e consolar-te.
Ao procurar uma estrela simpática no céu, deparou-te com nuvens compactas e escuras a esconder-te o amparo do milagroso brilho estrelar.
Tudo. Nada.
Ali. Frente a frente.
E tu estavas parado entre tais antônimos como alguém que é solto em meio ao deserto e não sabe qual direção tomar na esperança de encontrar um oásis salvador.
Não te enganes.
Há turbulências que não podemos esperar passar. Resolva-as. Mas não as tome para si.
Terás sempre a ajuda daqueles que não são apenas ouvintes, mas amigos. Eles são inconfundíveis. Basta observar.
Tu. Eu mesmo.

Inesperado

on sexta-feira, 30 de abril de 2010
A surpresa pelo inesperado, pelo, antes, impossível
Nos abate implacavelmente com seu arco sobranceiro
A atemorizar, até mesmo, a vileza do carcereiro,
Quem vigia as nossas recônditas vontades sob um Véu

Delicado, leve, tímido, sem demonstrar o seu fel,
Que só é descoberto e atingido pelo olhar certeiro
Do, controlado, estático e espantado, Arqueiro,
Quem, precisamente, descortinou e provou do mel.

Como as feras, agora, trêfegas, controlar?
Será possível mantê-las calmas e acorrentadas?
Até onde quer, do maduro e pesado Véu, o desenrolar?

O que vemos são somente, imagens policromáticas seladas
Com as quais, diariamente, convivemos a pendular
Entre as condições reais e oníricas, cuidadosamente, cerradas.

Só Elogios

Só Elogios não guiam, não exibem!
Só Elogios não constroem, não ajudam!
Só Elogios não acertam, não saúdam!
Só Elogios, talvez, apenas inibem!

Só Elogios fazem-me acreditar que está bem.
Só Elogios fazem-me pensar: “me acudam!”.
Só Elogios, de quem vocês pensam que cuidam?
Só Elogios, o que, deveras, suas palavras sabem?

Só Elogios, estou cansado de dizê-los.
Só Elogios, de tanto dizê-los estou fatigado.
Só Elogios parecem não querer conte-los!

Só Elogios, espero que tenham mudado.
Só Elogios, espero que entendam meus apelos!
Só Elogios, apresento a vocês o Enfado.

Cansaço e Sonho

on sábado, 24 de abril de 2010
Quase sempre encaro esta situação
Sobre a qual já disse em textos anteriores
O quão grande é o penar das dores,
O cansaço, o saber da inibição.

Tão pérfida chega a ser tal inibição!
E o cansaço? Deveria se encher de temores.
Assim, quem sabe, cheio de horrores
Não desapareceria de nossas vidas então?!

Ah! Como seria agradável sentir
A leveza advinda de sua ausência.
Como seria agradável consentir

Este transpassar bondoso da carícia
Que em nós, sem cobrar, sem mentir,
Derrama, gentil, o líquido vital que propicia...

... Ao homem, o prazer, o sonho, o sono.
Quando quererás voltar desta viagem
Repleta de desejos, realizações... miragem...
Quando quererás pousar deste vôo... eterno?

Infelizmente, não é suficientemente terno
A ponto de nos ceder os louros da aragem
Sobre a qual, diariamente, laboram, agem
E produzem o Cálice para voltarmos ao terreno

O Sereno, o Espanto, nos surpreende
Com seu toque a deixar-nos suados, pálidos
Em uma atmosfera seca, fria, que prende.

Mesmo livrando-nos do atordoar calados,
Perguntamos, quiçá, se isto não ascende
O ímpeto, a coragem, agora... afogueados?

Saudade

on terça-feira, 13 de abril de 2010
Sob um Céu preguiçoso, indeciso
Entre as gotas de chuva e o clarão do sol
Caminhei meio sem rumo com o Sorriso
Em um asfalto, falso, com o Lençol

Que cobria impiedoso as intenções
Vacilantes e titubeantes
Perante as escancaradas insinuações
Das naturezas errantes

Nas quais mergulhava,
Tímido e trôpego,
Para saber, curioso, como se originava
O coração altivo, curto e cego.

Por mais que eu insista,
Não consigo descobrir
O coração sobre cuja pista
Teimo pisar, explorar... cobrir

Eu vou com o Lençol, manchado
De um vermelho capcioso, forte,
Que tentava dizer, fraco, pesado
Aos homens sem sorte:

"Não verás nem a chuva nem o fulgor do sol
Nem os homens a confessar sob a tempestade.
Verás esta fisgar certeiro com seu anzol
As almas ébrias do itinerário da Saudade".

Descubra

on sábado, 10 de abril de 2010
Moramos na posição de confronto. A minha casa olhava a dele, sempre, séria. E a dele, para não perder nessa disputa, retribuía o olhar desafiador. Nas duas havia um pequeno jardim que separava a porta de acesso à sala da portinhola do muro baixo e sem proteção, cuja função era apenas a de dar a falsa impressão de segurança. E era próximo desta portinhola que me sentava diariamente, na calçada, numa cadeira preguiçosa, a observar os transeuntes. Contudo, intrigava-me o garoto da casa da frente. Diria que tem a idade dos indivíduos imberbes, insanos, indomesticáveis, indomáveis. Indomáveis? Equivoco-me neste ponto. Se fossem isto, não se submeteriam às ordens dos seus progenitores e fariam o que lhes dessem vontade. Poderiam até mesmo sair das regras caseiras para viverem suas próprias. Suas próprias? Lamento dizer-lhe que não poderá alcançar isto enquanto vivermos nesta sociedade regrada. Pois é, voltando ao que realmente interessa. Desculpe-me, às vezes perco o foco. Acredito eu que seja normal. Sim, continuando sobre o garoto. A única coisa sabida por mim é o fato dele ser filho único.

Vou cedo lá para fora, por volta das seis, ver os estudantes, os pais, os trabalhadores, os mendigos e você passarem. Procuro observar cautelosamente cada um e imaginar. Devaneio muito. Levanto diversas suposições de como será a vida de tal indivíduo. É... eu sei que não tem como eu saber meu caro, minha cara, mas é divertido. O tempo passa um pouco mais rápido do que de costume, ou mais lento. Isto vai depender de como você quer que o tempo passe. Sinto-me um pouco poderoso por ter a leve sensação de controlá-lo. Dentre todos os passantes, aguardava ansioso ele, o garoto. Achava estranho. Por que passava a maior parte do meu tempo levantando aquelas suposições sobre ele? Talvez fosse seu jeito de vestir-se, o jeito de andar... não, não. Não é isso. As características externas não são os fatores mais determinantes neste caso, já que ele é simples, sem estilo. Via-o sempre sério, sem expressão, sem emoção. Da mesma maneira que saia de casa, entrava na casa. Todo dia era igual. Jamais escutei alguma discussão vindo da sua casa. Quiçá, não gostava de ir muito longe.

Seus pais... nunca os vi. Certo dia, cheguei a pensar que o garoto morava só. O que me fez ter certeza que não, foi o carro daqueles saindo do lar aparentemente, incessantemente tranqüilo. Uma vez imaginei o carro como sendo o representante dos pais, mas logo retirei tal pensar, pois eles não seriam indiferentes com seu filho, ou seriam? Esse mundo é tão louco... vai que ele, o carro, não seja indiferente, e sim afável. Uma vez, eu vi-o usufruir do veículo, mesmo não tendo a carteira de motorista. Queria de alguma forma chamar a atenção dos seus colegas e amigos distantes. Seus inimigos eram mais seus amigos do que os próprios amigos, pois eles, sem nenhum ressentimento e medo diziam o quão ridículo era o carro, o quão insignificante era a sua atitude impensada. Eles eram sinceros, seus inimigos, e ele, o garoto, não sabia disso. Deu-me vontade de chegar até ele e dizer, mas preferi ficar no meu posto de observador. É melhor que a vida e o tempo mostrem a ele o que sua cega e insensível alma não consegue ver e sentir.

Certo dia, à noite, ao aproximar-se da portinhola do muro, parou seu caminhar, olhou para baixo e avistou seu cadaço direito desamarrado. Abaixou-se, então, para ajeitar aquele desalinhamento. Ficou olhando fixamente aquilo por alguns minutos após ter amarrado, provavelmente pensando nas horas, nos minutos ou poucos minutos que eles estavam naquele estado não uniforme. Achei deveras estranho, assim como ele devia me achar. Afinal de contas, da mesma maneira como eu o observava ele poderia me observar. Mas eu não quero me analisar. Tenho medo de descobrir que não sou quem eu realmente penso. Tenho medo de descobrir um humano insano e incrédulo por detrás dessa máscara perscrutadora de almas. Tenho medo de descobrir que não posso ver estas deveras. Tenho medo.

Teve um dia em que me encontrava na praça a analisar os transeuntes. Estava entediado com os mesmos tipos humanos com os quais me deparava na rua onde moro. Quis mudar, quis ver que grupos, que tipos iria ver na praça. Descobri, com isso, que o garoto ficava sentado num banquinho, lá, todo fim de tarde. Muito me intrigou tal reunião consigo mesmo, fazendo-me querer, de alguma forma, investigar sobre quais temas instigavam o começo da palestra frígida. Contudo, com esforço excessivo, logo desisti da idéia investigadora, tendo em vista que estaria desviando-me do caráter meramente observador. Preferi levantar questionamentos e destes ludibriar-me, embriagar-me. Era mais fácil. Não exigia de mim muito esforço. A única coisa a fazer era sentar, olhar e imaginar.

Continuei indo a praça. Também era a mesma coisa todos os dias, as mesmas pessoas. Vez ou outra surgia uma diferente das que estava acostumado a ver, mas sua presença parca não causava tanta interferência na configuração de pessoas que comumente freqüentavam a praça. A praça. Estava entediando-me com ela já. Não sabia para onde ir mais. Passava logo pela minha mente o tédio inevitável que surgiria em outro ambiente que não fosse a rua onde moro e a praça. Era triste sentir o peso da ociosidade e da previsão certa. Já não via rostos diferentes, mas sim rostos iguais, peças iguais, peças necessárias para se alocar em determinado ambiente e este lapidar da melhor forma.

Comecei a ter minha visão entorpecida. O garoto, para mim, não era um garoto; a casa não era mais uma casa; o carro não era mais um carro. O que era o que? Como posso não saber se a única coisa boa que faço é analisar os movimentos circundantes? Será que observava corretamente? Será que tinha conhecimento de mundo suficiente para bem interpretar aqueles movimentos? Você tem alguma pergunta ou sugestão meus caros? Não venha me dizer o tão conhecido conselho: “viva, saia dessa vida parada!”. Se viver é sair por aí fazendo coisas boas, coisas de sua vontade, então nunca vou viver de fato, já que a minha vontade estará sempre submetida a outras vontades. Talvez esses pensamentos e indagações não tenham validade alguma. Talvez estejam presentes num sonho que logo vai acabar somente.

O garoto, certo dia, fez-me a seguinte pergunta: por que não vive?

E eu respondi: e você vive?

Ele respondeu: se não vivesse, estaria morto.

Eu respondi: então estou morto?

Ele respondeu: descubra...

Comecei a olhar em minha volta. Não havia nexo no que via. Era tudo muito confuso. O garoto disse que eu estava morto. Se estou, então todos estão, já que ninguém tem a coragem de viver a vida que gostariam de viver. Ninguém não. Seria melhor dizer: são poucos aqueles que conseguem ver a trilha da verdadeira vida...

O despertador tocou. Acordei atônito. O quarto estava desarrumado. Fiquei alguns minutos com os olhos fixos no teto. Quem era esse garoto afinal?

Ao levantar-me, senti como se tivesse renascido. Senti a necessidade incontrolável de realizar ações presas dentro de mim. Decidi soltar as minhas vontades sem preocupar-me com as conseqüências. É simplesmente viver. Espero conseguir...

E o garoto? Devo agradecê-lo? Será que acordei para a vida ou será que a vida me acordou para a morte?

Descubra...

Não sei

on domingo, 21 de março de 2010
Se pudéssemos mudar nossa história, talvez nos sentíssemos melhor. Mas isso não é possível. Somos levados pelo vento às vezes frio, perturbador, amedrontador, feliz. Ele não tem nada a ver com a minha história. Não posso culpá-lo por um erro cometido por mim. Uma decisão tomada precipitadamente, uma decisão que pode mudar a rota que vínhamos seguindo felizes, ou seria a rota que vínhamos seguindo pensando que estávamos felizes?

Acontecimentos imprevistos: são desafiadores, são como tormentos, são ferramentas usadas pela Vida para nos amadurecer. Amadurecemos. Até quem está próximo da morte, não viveu plenamente, não sabe de tudo, ainda amadurece. A morte é uma experiência não vivida. Quem sabe, apenas com ela conseguimos a maturidade máxima.

Não sei.

Decisões precipitadas: pode nos custar caro. Queremos tanto algo num instante de impulso que acabamos não pensando nas conseqüências. Isso já aconteceu contigo? Já. Poderia ter dito “já, infelizmente”, contudo, vendo o que vivi, as pessoas que conheci, os sorrisos ganhos, os sorrisos perdidos, as lágrimas de alegria, as lágrimas de tristeza, os dias conflituosos, as pequenas brigas caseiras, as grandes brigas caseiras, a convivência com os amigos, com os inimigos, se conhecer, o sol brando, a lua fraca, o sol fraco, a lua forte... sensações. Elas podem custar caro, mas também podem ser valiosas, mesmo provocando sofrimentos. Ao lado destes vemos um novo rumo, um horizonte mais largo. Eu vi, eu vejo. Você... torço para você não viver esse sofrimento. Entretanto, ele é necessário de vez em quando.

Feridas curáveis e incuráveis: sinto ter uma incurável. Diariamente tento mantê-la fechada, cicatrizada. Tem dias que não a vejo. Tem noites que ela sangra intensamente. Tem dias e noites que parece nunca ter existido. Há meses não a vejo mais. Ainda bem. Agora, trabalho-me para não fazer surgir mais delas. Faço o meu melhor. Você também deve fazer. As curáveis surgem quase sempre. Nas situações chatas, nas conversas chatas, nos comentários infelizes, nas brigas irrelevantes. Eu e você, sem querer, causamos estas pequenas feridas. Temos que ter cuidado para ela não piorar. Procuremos o mais rápido o remédio.

O remédio: se existisse um para os sentimentos machucados... seria o fim, pelo menos o meu.. Iria querer sair do mundo frio e imaturo, pois é assim que ele seria.

Não desista: de seus objetivos, por mais pesado que seja o fardo da dor incurável. Faça da vida crassamente vivida a graça da vida crassamente perdida.

Nada

on quarta-feira, 17 de março de 2010
Deu-me vontade de por aqui, algumas palavras sobre nada. Sobre nada? É. Não é porque não estou em condições de falar sobre algum assunto, ou mesmo dizer como foi minha semana, sei lá. Isso não importa. Falar sobre o falar requer um pouco de esforço e vontade. Algumas pessoas, podem até dizer: “Deixa de ser besta, tem mais o que fazer não?”. Não é isso. Pelo contrário, tenho minhas atividades. É que não posso deixar de fazer isto, nem que seja irrelevante para os outros. Temos, às vezes, a mania de pensar no que os outros pensam de nós. Desculpe incluí-los. Pode ser que a mania seja só minha. Não sei se mania é a palavra mais adequada. Agora não estou em condições de procurar a melhor. Pois é, a vida é como uma roda gigante que faz giros, que sobe e desce e que nos dá a oportunidade de sentir a firmeza do solo e nos fazer ter a certeza de estarmos vivos, prontos para um recomeço, ou, então, por um azar inesperado, por um desleixo no saber viver, faz-nos deparar com a queda, lá do alto, podendo ou não ter a sorte de continuar a escrever, mesmo sem uma pena – e que pena – a nossa história.

Vai ser só isso mesmo.

No fim, não falei sobre nada, quer dizer, falei sobre alguma coisa. O nada existe? Onde quer que estejamos, sempre, há algo...

Não quero refletir numa hora dessas sobre isto.

Já estou cansado.
Já estou confuso.
Já está tarde.
A escuridão me cobre
O vento me acaricia
O sono me abraça.

Boa noite.

Ela

on segunda-feira, 8 de março de 2010
Seus olhos são fortes,
Meigos e profundos,
Como a lua altaneira
Clara, suave
A iluminar, a afagar
Meu coração
São? Talvez

Seu sorriso é a alegria
Que me abraça
Que me conforta
Que me tranquiliza

Sua boca, seus lábios.
Quão doce ou severo são?
Quando irão encontrar
Os lábios meus?
Quando estes irão proferir
Intrépidos
As palavras de conquista?

Sentirá ela o que sinto?
Esperará ela atitude?
Será que apenas ver-me como amigo?
O que ela vê?
O que ela pensa?

Para esta última pergunta:
Se a soubesse,
Não levantaria
Tantos questionamentos (não é meu caro amigo?)
Que me angustiam,
Que me fazem
Tantas vezes
Desconcentrar-me.

Atividades importantes
Tornam-se pouco relevantes
Diante de tais
Interrogativas.

Um poeta disse-me
Um dia:
“Viva as perguntas,
O tempo encarregar-se-á
De respondê-las”.

O tempo...

...

Não tenho escolha
A não ser confiar
Em sua pena
A traçar flutuante,
Sem direção,
O nosso destino.
Sem direção?
Não, não
Retiro o que disse
Ele nos leva para o futuro
Incerto.
É?

Futuro ao qual
Podemos pensar em dar
Um rumo certo... rumo certo...
Para o que nós queremos,
Para o que nós sonhamos
E para o queremos que aconteça.

Frente ao tempo,
Sou demasiado pequeno,
Talvez nem pequeno seja.
Sou um impotente, um frágil ser.
Contudo,
Aqui, na minha realidade
Submisso ao tempo, mas dono
Das minhas ações presentes (será?)
Usarei toda minha energia
Sobre a minha vida.
Quem sabe não consigo
Guiar-me...

Hoje

Amanhã.

Esta
A eterna
Interrogação
Canção
Ação

...

Até...

Imperfeição Perfeita

on quinta-feira, 4 de março de 2010
Perfeição.
Qual seria o conceito mais adequado para essa palavra?
Existiria uma definição perfeita?
Dizemos que é perfeito aquilo ou aquele que reúne em si todas as qualidades possíveis.
Alguém seria capaz de apontar um defeito da perfeição?
William Maugham disse que um grave defeito da perfeição é a sua tendência em ser enfadonha.
Como viver com alguém perfeito?
Que não tem nada de errado?
Que não tem defeito físico ou psicológico?
Que nunca fez nada errado?
Não viveríamos.
Seria insuportável a convivência.
Seria impossível.
Não seria vida.
Seria tortura.
Teríamos vergonha de contar nossos erros, nossos conflitos, nossas lutas, nossas besteiras, nossos tropeços, nossas raivas e tudo o mais que nos aflige para alguém que não passa por nada disso...
Teríamos medo dessa pessoa...
Não agiríamos naturalmente na sua presença.
Simplesmente porque teríamos medo de errar diante dela.
Seria motivo suficiente para nos deixar mais do que apreensivos.
Viveríamos em uma constante pressão psicológica individual. Um conflito existencial.
Fatalmente sentiríamos inveja.
Lástima. Preconceito. Raiva. Culpa. Dor. Sofrimento.
Somos imperfeitos.
E, assim, a coexistência se tornaria insustentável.
Como ela nos entenderia já que nunca teria errado...?
Entenderia sim.
Mesmo sabendo que nunca errou e que nunca errará, entenderia o nosso comportamento deplorável.
Afinal, seria perfeita.
Contradição.
Ela não seria humana.
Um andróide, talvez. Um extraterrestre. Um ser criado por nós mesmos...
Imaginário...
Fictício...
Irreal.
Sim, a perfeição é só uma criação humana.
O ser humano, para ser humano, tem que errar...
Errar e errar muito.
Perfeito é ser imperfeito.
O verdadeiro aprendizado advém dos erros que cometemos.
De fato.
Quem, em um belo dia, desceu sozinho do berço e aprendeu a andar na primeira tentativa? Sem ninguém por perto para ajudar a equilibrar o peso do pequeno corpo nas pernas ainda titubeantes?
Quem vê uma bicicleta parada, acha legal aquele simples e intrigante objeto, nunca antes visto, sobe e sai passeando pela cidade como se essa habilidade viesse adquirida desde o nascimento? Sem rodinhas para compensar?
Quem, no primeiro ano de idade, já sabe pronunciar, soletrar e interpretar de maneira brilhante todas as palavras e textos da língua portuguesa?
Quem sabe resolver, sem a ajuda de ninguém, todos os problemas matemáticos relacionados, por exemplo, ao Binômio de Newton sem nunca ter estudado tal assunto antes?
Quem, a partir do primeiro beijo, já é capaz de analisar e interpretar de maneira espetacular a complexidade de um relacionamento? De um casamento?
Quem, na primeira paixão de adolescente, pode dizer as mais insanas peripécias do amor?
A vida é um constante aprendizado.
Erramos para aprender.
Logo, erramos todos os dias constantemente, pois aprendemos diariamente.
Não que o aprendizado seja dependente apenas dos nossos erros... Aprendemos a aprender com a experiência dos outros também.
Entretanto, há quem prefira as suas próprias lições.
Nada é tão consolador na vida como saber que não somos os únicos errantes nesta terra de ninguém.
E isso nos faz prosseguir.
Levantar após as quedas.
Não somos os únicos, levantemos.
Viver assim, em um mundo imperfeito e entre imperfeitos, é perfeito...
Vivemos na perspectiva do acerto, mas temos o direito de errar.
Julgamo-nos incessantemente por nossos atos, pensamentos, comportamentos, desafios... Mas não podemos ser nossos próprios carrascos.
Devemos ser menos cruéis conosco.
Mesmo que a sociedade ou quem quer que seja, coloque sobre nossos ombros o peso de nossas próprias conquistas, temos sim a prerrogativa de poder não acertar sempre.
Expectativas.
Tentamos correspondê-las ou superá-las, porém nem sempre poderemos atingi-las.
Mas, lutemos.
Porque podemos nos esconder dos outros, todavia, nossa consciência estará sempre presente e dela não escaparemos nunca.
Eis a dinâmica da vida.
O mistério. A surpresa. A aspiração. O desejo. A curiosidade. A diferença.
O mundo não teria o menor sentido se nós já soubéssemos de tudo.
Se já fossemos tudo.
Perfeitos.
Não haveria vida.
Somente tédio.
Seria uma triste e melancólica contagem regressiva para a morte.
Não teríamos nada para fazer, pois já teríamos feito.
Nada para discutir. Nada para pensar. Nada para falar. Nada para criar. Nada para nada.
Porque já teríamos feito tudo.
Seríamos iguais. Completamente.
Afinal, seríamos perfeitos e não tem como ser perfeito sendo diferente... Seria contraditório.
A perfeição humana, na forma como é conhecida, é apenas um conceito.
Ainda bem. E que continue assim.
Na realidade, somos perfeitos.
Contudo, não dessa forma vaga e teórica, mas sim, da forma mais bela e viva possível: diferentes.
Somos perfeitos porque somos imperfeitos.
Sejamos felizes nesta vida perfeitamente imperfeita e que, por isso, é encantadora e fascinante.
Façamos felizes aqueles que nos cercam... Imperfeitos como nós.
E sejamos felizes com eles.
Façamos a diferença.

Questionamentos

on terça-feira, 2 de março de 2010
Estás cansado?
Estás recuperado?
Estás pensativo?
Estás confuso?
Estás perdido?
Estás em dúvida?
Estás certo?
Estás ocupado?
Estás desocupado?
Estás sem sentido?
Estás triste?
Estás feliz?
Estás atordoado?
Estás calmo?
Estás reflexivo?
Estás desinteressado?
Estás sorridente?
Estás sozinho?
Estás acompanhado?
Estás ouvindo?
Estás surdo?
Estás cego?
Estás lendo?
Estás falando?
Estás cantando?
Estás eufórico?
Estás dançando?
Estás parado?
Estás em movimento?
Estás aproveitando?
Estás livre?
Estás preso?
Estás atrasado?
Estás adiantado?
Estás disperso?
Estás atento?
Estás com problemas?
Estás sem problemas?
Estás vivendo?
Estás morrendo?
Estás bem?
Estás mal?
Estás escrevendo?
Estás apagando?
Estás estudando?
Estás aprendendo?
Estás lembrando?
Estás esquecendo?
Estás conversando?
Estás calado?
Estás sem amigos?
Estás com amigos?
Estás com fome?
Estás com sede?
Estás decidido?
Estás procurando?
Estás escondendo?
Estás planejando?
Estás construindo?
Estás destruindo?
Estás jogando?
Estás assistindo?
Estás analisando?
Estás perguntando?
Estás respondendo?
Estás se importando?
Estás desleixando?
Estás perdendo?
Estás ganhando?
Estás conquistando?
Estás se dedicando?
Estás economizando?
Estás odiando?
Estás amando?
Estás atuando?
Estás encenando?
Estás fingindo?
Estás mentindo?
Estás inventando?
Estás criando?
Estás começando?
Estás terminando?
Estás mandando?
Estás obedecendo?
Estás correndo?
Estás andando?
Estás deslizando?
Estás tropeçando?
Estás passando?
Estás ficando?
Estás mordendo?
Estás segurando?
Estás soltando?
Estás observando?
Estás comprando?
Estás pagando?
Estás vendendo?
Estás acertando?
Estás errando?
Estás fazendo?
Estás desfazendo?
Estás repetindo?
Estás inovando?
Estás enganando?
Estás sendo tu mesmo?
Estás aí?

Na Biblioteca

on sábado, 20 de fevereiro de 2010
Silêncio...
Quebrado algumas poucas vezes por vários motivos...
Os mais diversos...
Poucas vezes?
Muitas!
Pelo barulho do funcionamento do ar-condicionado; do folhear de um livro ou de um caderno por dedos inquietos; de um espirro que acontece inesperadamente ou não; da queda de um objeto qualquer; de um lápis ou de uma caneta; do celular que toca devido a um vacilo de seu proprietário que se esqueceu de silenciá-lo e dos passos apressados desse que corre quase que de maneira desesperada com a esperança em atendê-lo antes que a ligação seja perdida; da abertura cuidadosa de uma embalagem de bombom ou de qualquer outro doce por alguém que ansiosamente deseja consumi-lo; do movimento de progressão e regressão do zíper de uma bolsa ou de um estojo; do arrastar de mesas e de cadeiras; dos sussurros; das conversas paralelas; da leitura não completamente silenciosa e que acaba deixando escapar alguns fonemas imediatos; da risada que se aproxima de uma gargalhada; da gargalhada propriamente dita; do acomodar-se na cadeira; dos bips do controle remoto utilizado pelos funcionários do local para manter a temperatura ambiente sempre agradável; do movimento incansável de fechar e de abrir a porta que, com seu rangido característico, chama a atenção de todos; do simples deslizar do marca-texto destacando no papel aquele trecho mais importante para o leitor atento...
Ruídos...
Silêncio apenas aparente.
Ousamos adjetivar de silencioso todo ambiente onde o homem se comporta de maneira menos absurdamente normal e selvagem.
Que fuja da regra geral do caótico e civilizado sistema vivido comumente nas ruas.
Poluição sonora.
Basta observar a madrugada para percebermos o quanto somos ofendidos diariamente pelo caos urbano e social no qual estamos inseridos.
De tanto ouvir o que não queremos, passamos a filtrar grosseiramente aquilo que consideramos desnecessário.
Mas nem sempre conseguimos.
Aprendemos que, para sermos ouvidos, devemos falar mais alto do que os outros e não esperar a nossa vez...
Gritar.
Somos ouvidos?
Não adianta... Por mais alto que gritemos, somos anulados por um sistema que insiste em nos manter mudos.
E mudos ficamos diante de tudo isso que está acontecendo.
A repercussão de nossas palavras só existirá quando o mundo parar para ouvir ou quando ele mesmo aprender a falar sozinho.
O mundo não ouve.
O mundo não para.
O mundo não pensa.
O mundo não fala.
Só nos resta ensinar a esse analfabeto o verdadeiro conceito de vida.
Caso contrário, morrerá sem nunca ter vivido.
Discussões, temas, conflitos, perguntas, respostas, idéias, reflexões...
Desconcentração?
Não.
É melhor voltar a estudar antes que esse passeio se torne uma viagem pelos lugares mais longínquos da existência humana.

Momento

on domingo, 7 de fevereiro de 2010
Estava sem fazer nada, melhor dizendo, tinha muita coisa para fazer. Mas não estava com a mínima vontade de começar. Quis apenas pensar na sua vontade incontrolável de querer expor seus pensamentos no papel, suas angústias, seus desesperos. Não queria ver as suas responsabilidades, seus compromissos que o aguardavam tão desejosos para poder dizer-lhe: “você não se livrará de nós” – com um pequeno sorriso sarcástico e pesado. Ele ficou refletindo sobre isso e concluiu que era verdade, eram inevitáveis.
Do que adiantava ele saber disso, se não se importava. Sabe ele que é jovem, tem tempo em demasia pela frente. Dará para ele fazer tudo o que quer. Será mesmo?
Após ler o texto de uma amiga, indagou-se: “Há quanto tempo não tenho um pesadelo... isso não é bom, creio eu”. Isso não é bom? Quem gosta de pesadelos? Você gosta? É até de se estranhar. Ele via-os de uma forma diferente. Ele os vê de uma forma diferente. Ter pesadelos pode ser um momento de confronto com nossos próprios medos, um teste sobre nossa coragem, um instante para mostrar nossas fragilidades e tentarmos superá-las. É um meio de maturação, de crescimento.
Apesar dessa idéia positiva sobre pesadelos, sempre surge, sorrateiro, o “É ruim”, pois acordamos no meio da madrugada, suados, tensos, às vezes chorando, às vezes lamentando, lutando para esquecê-lo.
Ao contrário dos sonhos, os pesadelos costumam ser lembrados mais facilmente. Você pode dizer: “Tive um sonho muito bom, mas não lembro”. Por que será que isto acontece? - Questionava-se ele em seus devaneios. Talvez seja porque despertamos bem, despreocupados, a fazer em poucos segundos a agenda do dia. Quando nos colocamos de frente ao espelho, olhos um pouco cerrados, pedindo por mais algumas horas de descanso, a escova a limpar cuidadosamente os dentes, subitamente lembramos: Qual foi mesmo o sonho que tive? Qual foi mesmo?! A leve indignação por não lembrar do sonho levanta-se enraivecida. Os olhos ficam vivos, os devaneios se misturam... o sonho, o sonho foi-se embora sem ao menos dizer “adeus”, assim como a solidão...
Ele está se sentido mais solto, menos preocupado.
As palavras que queria expressar foram todas ditas? Dizia que, enquanto vivesse, elas iriam sempre aparecer em alguma folha. O que foi posto agora, não passa de um fragmento do texto, do texto chamado vida. Jamais irão acabar, a não ser que Ela venha me pegar para juntos sairmos deste mundo e irmos para outro, onde, talvez, os sonhos sejam eternos.

Solidariedade

on quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
A solidariedade é algo bom, necessário e presente em nosso Mundo. Entretanto, apenas alguns homens conseguem praticá-la de coração.

A sociedade, em que vivemos, propicia uma rotina na qual o indivíduo tenderá a pensar mais em si do que no próximo. E quando pensa em ajudar, não é com a real e sincera solidariedade.

A real e sincera solidariedade ocorre quando reservamos um tempo do nosso dia-a-dia para deveras ajudar seja falando palavras de incentivo, seja escutando desabafos de alguém.

Quando agimos dessa forma, estamos conquistando a confiança, ou mesmo, quiçá, a amizade...

Solidariedade, não tem idade. Ela está aberta a abraços sempre. O quão difícil é abraçá-la? Não é difícil, mas também não é fácil. Isso vai depender de como o indivíduo se comportará perante as vicissitudes da sociedade e da sua vida pessoal.

Durante a sua vida particular, a educação circunda muito profundamente e delineia gradativamente os pensamentos e as ações do homem. Contudo, não é preciso ser letrado para ser solidário. Um iletrado pode ser mais solidário do que um indivíduo em cuja posse está um diploma.

Solidário, solidariedade. Escrevi muitas vezes estas palavras no decorrer do texto. Tê-la conosco, escrevê-la em demasia. É uma honra. Todavia, sentindo-se incapaz de poder expressá-la, o homem inventa desculpas e põe a sua razão para fugir furtivamente de ter que estender o seu braço, os seus ouvidos, os seus conselhos, o seu abraço, o seu ombro, os seus objetos... a sua vida.

Por quê?

on segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Olhei para um lado, olhei para o outro
Não vi ninguém
Olhei para a sala, vi meus irmãos
Não vi ninguém
Olhei para o corredor, vi meus pais
Não vi ninguém
...
Quem eu vi?
Eu realmente vi?
Os meus olhos realmente vêem algo?
O Mundo em que vivo me mostra o que?
...
Você não vê?
Como é que pode?
São seus irmãos, não os reconhece?
São seus pais, não os reconhece?
...
Eu reconheço e não os reconheço.
O Mundo me exibe outra coisa.
...
O que?
...
Eu não sei. Só sei que devo viver...

Eu estou mesmo vivo?

Isso não seria apenas um reflexo do que gostaria de ver?
Ver eles falando, ver eles sorrindo.
Sentir eles me abraçarem, sentir eles me confortarem.
Poder escutar deles: Por que essa cara?
Por que está tão sério?
Por que não vive?
Por quê?

Abstrato

on domingo, 31 de janeiro de 2010
Vivemos e sobrevivemos do abstrato que criamos.
Que somos.
No qual estamos inseridos.
No qual buscamos nos inserir.
Ilusões, imaginações, fantasias, criações, paradoxos, visões, perspectivas, decepções, alegrias, frustrações, passado, presente, presentes, futuro, lembranças, idéias, reflexões, poderes, direitos, conceitos, paradigmas, normas, conhecimentos, religiões, sentimentos mil, sonhos, aparências, liberdade, vida, morte, beijos, paixões, amor, amores, família, sociedade, culturas, água, terra, fogo, ar, ciência, tecnologia, globalização, bondade, maldade, e uma infinidade de outros aspectos que movem o mundo...
O homem.
Tudo isso é muito abstrato.
Complexo e simples.
O fato é que a realidade é incompreensivelmente compreendida por todos nós.
Ou será que fingimos compreendê-la?
Aceitamos isso tudo porque o abstrato, de tanto ser difundido como real, torna-se verdade.
O que fazer para entender?
Ninguém sabe.
Ninguém entende.
Mas todo mundo explica.
Poucos perguntam...
Por que nos perguntamos?
Antes de pedir conselhos elabore suas próprias teorias.
A verdade é relativa porque nós sabemos o quanto somos errantes naquilo que afirmamos...
Naquilo que fazemos...
Naquilo que escolhemos...
Na realidade, o que é mesmo a verdade? E a dúvida? E a dívida? E o certo? E o errado? E a realidade?
Quem me garante que um conjunto de normas acordadas por pessoas que eu nem conheço pode ser o melhor para mim? Para nós? Por que não mudar? Por que não inovar as nossas visões de mundo?
A resposta para tal comodismo geral é simples: medo.
O diferente é normalmente intitulado como errado. Como louco.
Temos medo dos preconceitos que temos. Dos nossos julgamentos. E é exatamente por tê-los que temos medo que os outros tenham conosco.
Quem dera eu ser um louco hoje para ser um gênio amanhã.
É engraçado como demoramos a perceber os nossos erros.
O homem adora tentar demonstrar que é o melhor... Para si e para os outros.
Será que ser o melhor é o melhor?
A História explica.
Da imposição, nasceu a propriedade privada. Os direitos. Os deveres. O câmbio. A moeda. A cédula. O valor. A guerra. A paz.
Estamos prestes a transformar o mundo em poeira por dinheiro.
Simplesmente porque a maioria das pessoas acha que o dinheiro tem valor.
Aliás, se poeira valesse alguma coisa, nem isso teríamos mais.
Se difundíssemos a idéia de que o grão de areia tem valor, o chão desapareceria sob nossos pés.
Capitalismo.
Ainda não percebemos que para ter poder, status, admiração e uma série de regalias, estamos nos matando.
Que direito temos de matar os outros para nos sentirmos poderosos?
Para nos sentirmos bem? Melhor, talvez?
O outro.
Mas, às vezes, pensamos mais no outro, ou nos outros, do que em nós mesmos.
Fazemos de tudo para deixarmos o outro feliz.
Mas se analisarmos de maneira mais crítica essa nossa preocupação com o outro, veremos que há um grande toque de egoísmo nela.
Ficamos felizes se conseguimos fazer felizes aquelas pessoas que nos cercam e pelas quais faríamos de tudo para atingir tal objetivo... Faríamos de tudo porque também queremos nos sentir bem, felizes.
Que direito eu tenho de não ficar completamente feliz com a realização de um amigo ou de um parente por pensar nas conseqüências desse fato na minha vida? Que direito eu tenho de pensar em mim quando a felicidade do outro está em jogo? Que direito eu tenho de ser egoísta? Que direito eu tenho de achar que a proximidade será o melhor caminho? Eu tenho algum direito?
Sim, eu tenho. O direito de ser eu. E isso é único e intransferível.
Falamos de tudo. Sempre falaremos.
Desde o menor grão de areia até o planeta mais distante da Terra.
Desde o menor inseto já visto até um extraterrestre que vive em um planeta cujo nome é uma série de algarismos dados pela NASA.
Desde o homem até o homem.
Tudo é assunto.
Mas com certeza, não absoluta, tudo é quase que completamente abstrato.
Inclusive este texto.
O importante é viver uma abstração por dia, mesmo que a vida já seja uma e o dia seja a nossa esperança de que nem tudo é definitivo.

Conversa

on sábado, 23 de janeiro de 2010
- Estou querendo deitar
- E você não quer sentir
A cama você amaciar?
- Agora não posso ir...
- Você não quer vacilar?

- Sim... não quero partir
- Mas você tem que descansar
- Sem ao menos embutir
- O que você quer tentar?

- Tentar ela iludir
- E você pode ela enganar?
- Não sei. É difícil decidir
Que atitude tomar

- Então, por onde irá ir?
- Não irei a nenhum lugar
- Qual caminho seguir?!
- É ter paciência e esperar

- Acha que ela vai vir?
- Virá sim me abraçar
- E se não vier aqui?
- É ter paciência e esperar
A luz esta sala cobrir
Para a minha alma salvar
Pois não vou resistir
A dor escura no ar...

Compreenda

on quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Como assim?
Não entendi aquilo que aconteceu...
É, mas realmente foi surpreendente.
Foi fascinante.
A duração de 9.192.631.770 períodos da radiação correspondente à transição entre os dois níveis hiperfinos do estado fundamental do átomo de césio 133 se torna insignificante...
Caminhos que nos levam para um lugar desconhecido.
Eu vi você estava tão deslumbrante.
É por isso que a Matemática me apaixona...
É por isso que você me apaixona...
É com isso que me torno eu mesmo, dono de pensamentos sem sentido, melhor assim.
Não queria explicar nada.
Na realidade, há filósofos para isso.
Com certeza, as noites se tornam dias!
Por que andar?
Ora, pensamos que nos deslocamos, mas somos deslocados.
É tão fácil de entender...
Mas não existe nada mais complexo e incompreensível...
Já falei do que você disse?
Não.
Porém, adianta eu falar?!
Palavras são como furacões.
Devastam tudo o que vêem pela frente... Algumas...
Porque existem outras que não são palavras, mas mãos estendidas.
Interpretar, essa mania que eu tenho...!
Às vezes eu falo muito, mas sem dizer nada.
Sim, agora eu entendi.
Não é necessário entender.
Alguns fatos na vida basta vivê-los, aproveitar.
A vida não nos deve satisfação.
Pra que questionar a causa se a conseqüência foi tão boa?! É tão boa.
Não me entenda mal.
Se nossas filosofias são quase idênticas (o “quase” não tem tanta importância); se nossas notas musicais têm o mesmo tom e a mesma afinação; se sonhar (sonhos tão iguais que podemos dizer: “sonho”) tem sido nossa realidade; precisa eu dizer mais alguma coisa?!
O tempo passa rápido, mas há momentos em que o conceito de tempo simplesmente não existe.

Algumas Palavras Sob Solidão

on domingo, 17 de janeiro de 2010
Solidão...
A nossa melhor amiga em muitos momentos desta constante labuta.
Porém, nem sempre.
Depende do motivo que nos fez e nos faz encontrá-la.
Ou ela nos encontrar.

Solidão...
Visita-nos sem, ao menos, ser convidada.
Abraça-nos mesmo quando a rejeitamos com todas as nossas forças.
Insiste em ficar ao nosso lado, mesmo quando tentamos não deixar lugar algum.
Mesmo quando fugimos dela.
Corremos.
Não percebemos a contradição na qual nos colocamos.
Ao fugir dessa renegada companhia, estamos buscando um lugar no qual possamos ficar sós.
Ou seja...
Existirá o lugar no qual possamos ficar livres até mesmo da própria solidão?
Tão sozinhos que nem mesmo a progenitora dessa situação possa estar presente?
Estamos realmente sós quando temos a solidão como companhia?
Poderia escrever páginas e mais páginas de especulações como essas que tumultuam minha mente.

Solidão...
Muitos a odeiam.
Traçam estratégias, elaboram planos, organizam-se a semana inteira e, até mesmo, o mês inteiro para não tê-la ao seu lado em um determinado dia, hora, local.
Como ela deve se sentir ao ver alguém delineando algo contra ela mesma?
Chateada? Entristecida? “Sem vontade de cantar uma bela canção?”
Não. Por passarmos tanto tempo ao seu lado arquitetando nossas façanhas, ela pensa: - Pode ir, mas cuidado! Estarei aqui te esperando... Ou onde você estiver comigo. Sozinho.

Solidão...
Paradoxalmente, por mais que a odiemos, gostamos dela.
Ela nos ouve... Muito. Demasiadamente.
E o que é melhor, apenas nos ouve quando queremos somente falar.
Não dá maus conselhos.
Apenas ouve... E essa é uma virtude ainda ausente na maioria das pessoas: saber ouvir.
E isso é o que ela faz. Abraça todos os teus conflitos.
E você, como que de uma maneira relativamente mágica, sente-se mais aliviado.
Muitas vezes até, preferimos sua companhia a de certas pessoas.

Solidão...
Falamos, falamos, falamos.
Dela e para ela.
Mas, nunca ouvimos.
Nada.
Entretanto, tamanha passividade nem sempre é de bom tom.
Nem sempre podemos unicamente falar. Temos que ouvir também.
Alguém deve nos contestar um dia. A imaginação de que estamos sempre certos não é bom.
O certo é que nunca estamos completamente certos... No dia que tivermos tal certeza sobre nossa certeza, já estaremos errados em tê-la.
Então refletimos, discutimos, concordamos, discordamos.
Não é legal quando, sozinhos, ouvimos que estamos errados.
É chato isso. Sempre é.
Mais chato ainda é quando descobrimos que estamos em conflito com nós mesmos.
E que não foi a tão terrível solidão quem nos julgou culpados, mas nossa própria consciência.

Solidão...
Quantas vezes molhamos seus ombros com lágrimas...?
Incontáveis.
Quantas vezes enchemos sua paciência com nossos sorrisos?
Boa pergunta... Houve isso? Se sim, cabe nos dedos das mãos.
Quantas vezes o silêncio consumiu nosso ambiente...
Quantas vezes faltaram assuntos para desenvolver uma boa conversa...
Esperando ter algo para falar.
Ou apenas sentamos ao seu lado. Esperando que nenhum assunto desagradável surja meio que de repente.
O fato é que, quando rezamos para não nos lembrarmos das más recordações, sempre nos lembramos delas.

Solidão...
Normalmente confundida com a nossa própria consciência.
Várias vezes.
“É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro”...
Colocar a culpa de nossos tristes conflitos na solidão é a maneira mais fácil de nos livrarmos deles.

Solidão...
Ouvir música, sempre ajuda.
Cantar, também.
Tentar tocar alguma canção predileta no violão... Minha melhor terapia.
Ela é a minha platéia.
Não ouço palmas. Mas ainda não fui vaiado.
O importante é que, para mim, estou indo bem.
E isso me faz prosseguir.
Costumamos associá-la a “tristeza”... Por que não podemos estar felizes sozinhos?
Vamos mudar esses paradigmas.

Solidão...
Algumas pessoas gostam de escrever algo sobre ela.
Eu, por exemplo.
Achei que, alguém tão presente e, ao mesmo tempo, tão ausente, não deveria passar despercebida.
Vou convidá-la a estudar comigo.
Todas as noites.
Assim eu aprendo e talvez até esqueça que ela existe por alguns instantes.
Espero que ela não esteja lendo isso...

Solidão...
É bom escrever sobre ti.
Contigo.
Sem mais delongas, encerro essas poucas palavras.
Ou seriam muitas? Acho que me estendi.
Preferiria não ter tanto a falar.
Mas já que tenho, no papel estão.
Vou traçar meus planos, para ser menos “tagarela”.

Linda Lira

on sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Eu paro, olho, ouço-a cantar
A ela vamos apenas escutar
Suas notas belas a falar
Da vida a nos encantar

Eu vontade sinto de expressar
Meu sentimento preso, sem ar.
Poder a ela mostrar
A minha linda lira a cantar

Mas ela não cansa de esbanjar
Sua beleza, sua voz, ao luar
Que intenso está a brilhar

Não terei chance de contar
O que meu coração, há tempos, quer gritar:
Eu te amo, meu céu, meu doce, meu amar.

Na praia

Na praia, escuto silente
O sopro da brisa a falar
Das belezas do mar a cantar
A dor profunda do seu corpo quente

Na praia, escuto silente
A dor profunda embalar
Sem nem mesmo vacilar
O acalanto, até então, contente

Na praia, agora bem vejo
A antes escura insatisfação
Tornar-se o mais belo azul, pejo

Na praia, agora bem vejo
A brisa vir em meu coração
Dizer, sem dor, eu te desejo

Mulher

Sempre atento, a vejo
Em sala, límpida e elegante
A despertar forte desejo
Em coração errante

Que aproveita o ensejo
Pra sair do abismo, cambaleante
A esperar que o cortejo
Da bela luz surja deslumbrante

Num envolver bem afável
De seu espírito solitário
Neste céu, em trevas, implacável

Onde ela, no itinerário
Da vaguidão indesejável
Atua, feito heroína, contra o calvário

2010

on sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Mais um ano novo. Vai-se o passado e vive o presente. Viva o presente. Pense no futuro. Sonhe! Jamais deixe de sonhar. Lute! Jamais deixe de lutar. Descanse, afinal, não somos de ferro!

Nesse Mundo em que vivemos, turbulento, caótico, agitado, inquieto somos constantemente desafiados a batalhas intermináveis às vezes. Vocês se deparam com as vicissitudes atormentadoras, perturbadoras, desgastantes e se vêem diante de uma pergunta: será que posso vencê-las?

Com plena certeza digo-lhes: sim, vocês podem. Mas como pode ter essa certeza? Simples. Olhem ao seu redor e observem as pessoas. Eu diria que é impossível não terem amigos. Vocês os têm. Durante um ano, não caminhamos sós. Além Dele, temos nossos (as) companheiros (as) que nos apóiam para o que der e vier. Dão força a nossa força mesmo que não digam nada, mesmo que não façam nada. Tacitamente, há a reciprocidade dos sentimentos. Quando existe a confiança, um único olhar revela os segredos mais recônditos da alma. Não tenha medo!

Durante um ano, muita coisa pode acontecer, assim como muita coisa não pode acontecer. Isto vai depender de você. Se ficar estático, um ano vão passará. Você talvez não se depare com as problemáticas que emergem naturalmente quando desafiamos a vida. Já quando nos movimentamos, mesmo sendo só um pouquinho, conquistamos muita coisa.

A todos que lerem este texto, peço, apenas, que tenham paciência. Não vamos choramingar pelo fato de não termos alcançado o que realmente queríamos para agora. Você tem toda uma vida. Ah, mas eu posso morrer amanhã, daqui a alguns minutos, não sei! Já está pensando em morrer? Não pense na morte, pense na vida. A morte está em algum lugar desconhecido. A vida está bem ao nosso lado, todos os dias. Pense no presente que você quer dar a ela e valorize suas belezas. Ela quer nos mostrar suas magníficas paisagens.

Por isso viva pela vida!