Uma Rosa ao Mar

on sábado, 29 de setembro de 2012
Eu estive de frente para o Mar. Eu e o Mar. Fiquei olhando fixo, observando as ondas baixas e altas, a vastidão, o mistério, a beleza. Pergunto-me se hoje ele está agitado ou calmo. Pergunto-me se as minhas palavras estão causando algum impacto, despertando o adormecido sentimento que lá está submerso. Pergunto-me se ele quer despertar.

A minha vontade é mergulhar e trazer o sentimento à superfície. Porém, não posso, simplesmente, invadir o seu mar. Me aproximarei aos poucos. Ficarei sentado na areia jogando pedrinhas, esperando que suas ondas cheguem até mim. Até este dia, verei o sol nascer e se pôr, verei a lua e as estrelas, sentirei a brisa envolvendo-me, o seu abraço. Eu vou esperar como venho esperando. Talvez eu não seja o único nesta praia. Talvez eu seja o único em uma coisa: ter entregue uma rosa ao mar.


Humilde Jardineiro

on sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Como um humilde jardineiro tenho trabalhado no jardim de sua casa. Quando foi que você permitiu que eu cuidasse de suas plantas? Você não permitiu. As estações passaram e me colocaram lá. Só agora, na primavera, algumas rosas têm crescido, ganhado vida e emanado um doce perfume, o seu, que embala o meu sorriso constante.

Hoje, joguei a chave da minha casa, o meu coração, para você. Quando vai usar? Não sei. Ainda preciso cuidar mais do seu jardim, a fim de que ele faça brotar em você o sentimento que, em mim, já cresceu.

Ao retornar a minha casa, não entro. Fico em meu jardim contemplando a beleza deste sentimento. Me faz bem. Queria fazer você sentir o que estou sentindo. Queria compartilhar com você tudo o que vivo e sou. Queria cuidar, dar afeto e carinho. Você é especial, diferente.

Não nos conhecemos tão bem, mas, apesar disso, eu acredito conhecer. Na verdade, a torrente de sensações em mim acredita e dispensa apresentações mais detalhadas sobre sua vida. Você é quem decidirá se eu devo ou não conhecer. Já eu quero muito que você me conheça. Quando? Nos vemos tão pouco, né? São  escassas as oportunidades de uma conversa. Na que eu tive, não aproveitei pois meu corpo tremia, o meu coração batia forte, as minha voz emudecia. As frases que soltei caminharam desconcertadas. Naquela noite, tais palavras só queriam sair em gestos...

Ficarei cuidando do seu jardim, por mais que você não queira. Mesmo que não nasça nesta primavera, regarei aquele até crescer em você o que em mim é tão intenso.

Se você não se incomodar, olharei em direção a janela de sua casa, na expectativa de ver um sorriso ou mesmo vê-la passar somente.

Flor...

on quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Eu vejo você todos os dias há muito tempo. Antes mesmo daquela noite, sua imagem era cuidadosamente desenhada em meus quadros. Nestes, era inevitável a presença de seu sorriso, que despertava e desperta em mim uma felicidade única e nova. À medida em que concluo o desenho do seu rosto e, também, dos seus gestos, aquela felicidade faz crescer a minha vivacidade.

Sinto-me mais vivo ainda quando estou perto de você.

Quando eu acordo de manhã, as primeiras notas musicais que escuto são oriundas de sua meiga voz. Voz afável e carinhosa a qual não imagino bruta. Quando saio de casa e começo a ouvir os acordes iniciais da natureza citadina fortalezense, tento harmonizá-los em minha mente a fim de compor músicas dedicadas a você. Quando chego à Universidade e dou início aos passos sobre o corredor principal, fico na expectativa de ter seus olhos direcionados aos meus e tento compreender o que eles procuram me dizer com as palavras d'alma.

Eu não sei bem o que aquela noite disse, mas eu sei o que meu coração diz todos os dias: você plantou em mim, há muitos meses, o que só agora está florescendo tão intensamente: um sentimento que me deixa mais vivo, mais forte e mais determinado...