Sobre Alegria

on sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Uma fagulha de felicidade?
Um tanto de euforia?
Um punhado de prosperidade?
Feriado em demasia?

Uma simples mensagem?
Um lindo sorriso?
Uma bela paisagem?
Amor indiviso?

Uma conquista suada?
Uma vida tranquila?
Uma viagem programada?
Boneco de argila?

Uma doce ilusão?
Uma perfeita harmonia?
Uma alienação?
Paz todo dia?

Talvez isso tudo
Ou uma vista do mar,
Só queria um escudo
Para não mais perguntar.


Chuva

on quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Momento mágico e raro. Daqueles que são poesia, que nos fazem entender a poesia e escrever algo poético também. Em uma tarde aparentemente banal, daquelas que fazem a função da manhã após esta ter se tornado noite e a noite ter se alongado um pouco. Quando a preguiça ainda nos acorrentava à cama, tudo aconteceu. 

A chuva começou a cair inesperadamente e, de um pulo, levantamos. O telhado-peneira causou esta primeira preocupação. Eu, no entanto, estava tranquilo com aquele barulho característico de gotas nervosas nas telhas. A chuva me faz relaxar, triplica minha preguiça e gera em mim o pretexto de dormir até que ela cesse, como se o mundo inteiro parasse para vê-la cair e eu também tivesse que respeitar religiosamente esse momento. Veio, então, o convite: “Vamos tomar banho de chuva?”. Minha imensa vontade de curtir esse fenômeno da natureza deitado e bem agasalhado me fez negá-lo prontamente. Decidiu ir sozinha. Por uns instantes fiquei pensando no porquê de não ir junto. Por que eu perderia aquela oportunidade especial de tomar banho de chuva com ela? Então, levantei e fui. Encontrei-a no corredor, molhada e estonteante. Estava vindo me chamar novamente. 

O sorriso no rosto, a pressa em voltar logo para a chuva e a sua vontade que eu fizesse parte daquele momento me deixaram impressionado. Em passos rápidos, conduziu-me até a porta que dava acesso ao quintal da casa. A chuva estava forte. Quando chegamos à porta, hesitei e resolvi observá-la, mesmo diante das repetitivas convocações. Ela, entretanto, correu ao encontro da tão idolatrada precipitação e promoveu uma das cenas mais belas que já vi: aos pulos, como uma criança, sorria tão espontaneamente e me olhava com tamanho brilho nos olhos que, em alguns poucos segundos, fiquei estático, maravilhado. Nunca desejei tanto ter uma câmera fotográfica em mãos, nunca tive tanta certeza de que a amo e do quão grande é esse amor como naquele instante. Os sentimentos em mim transbordaram ao vê-la ali desfrutando algo tão simples que a vida nos proporciona e com tamanha felicidade. Alegria, sinceridade, inocência, beleza, plasticidade, simplicidade e requinte não faltaram àquela cena. 

Desejei ver aquele espetáculo pelo resto dos meus dias, desejei que a tivesse comigo para sempre, desejei beijá-la eternamente. Emocionei-me, mas não dei a ela a oportunidade de perceber. Também fui à chuva, mas esta cessou logo, o que não me permite julgá-la mal por ter sido precoce. Afinal, mesmo sem o devido registro, ela já havia me proporcionado uma cena que está fotografada mentalmente e para sempre estará como um dos mais belos quadros na parede de minhas memórias.


Suspiros

on sábado, 19 de janeiro de 2013

Ah, a paixão!
Faz-nos ver o invisível, mesmo quando ficamos “cegos de amor”.
Faz-nos colorir a vida, mesmo quando o mundo furta a cor.
Faz-nos pensar o absurdo, mesmo quando absurdo o xador.
Faz-nos planejar o futuro, mesmo quando o futuro acabou.

Ah, e o amor?!
Faz-nos amar sem limites, mesmo quando há limite e pudor.
Faz-nos navegar no infinito, mesmo quando é finita a dor.
Faz-nos falar o incerto, mesmo quando é certa a flor.
Faz-nos perdoar o evadido, mesmo quando se evade nosso amor.