Na Biblioteca

on sábado, 20 de fevereiro de 2010
Silêncio...
Quebrado algumas poucas vezes por vários motivos...
Os mais diversos...
Poucas vezes?
Muitas!
Pelo barulho do funcionamento do ar-condicionado; do folhear de um livro ou de um caderno por dedos inquietos; de um espirro que acontece inesperadamente ou não; da queda de um objeto qualquer; de um lápis ou de uma caneta; do celular que toca devido a um vacilo de seu proprietário que se esqueceu de silenciá-lo e dos passos apressados desse que corre quase que de maneira desesperada com a esperança em atendê-lo antes que a ligação seja perdida; da abertura cuidadosa de uma embalagem de bombom ou de qualquer outro doce por alguém que ansiosamente deseja consumi-lo; do movimento de progressão e regressão do zíper de uma bolsa ou de um estojo; do arrastar de mesas e de cadeiras; dos sussurros; das conversas paralelas; da leitura não completamente silenciosa e que acaba deixando escapar alguns fonemas imediatos; da risada que se aproxima de uma gargalhada; da gargalhada propriamente dita; do acomodar-se na cadeira; dos bips do controle remoto utilizado pelos funcionários do local para manter a temperatura ambiente sempre agradável; do movimento incansável de fechar e de abrir a porta que, com seu rangido característico, chama a atenção de todos; do simples deslizar do marca-texto destacando no papel aquele trecho mais importante para o leitor atento...
Ruídos...
Silêncio apenas aparente.
Ousamos adjetivar de silencioso todo ambiente onde o homem se comporta de maneira menos absurdamente normal e selvagem.
Que fuja da regra geral do caótico e civilizado sistema vivido comumente nas ruas.
Poluição sonora.
Basta observar a madrugada para percebermos o quanto somos ofendidos diariamente pelo caos urbano e social no qual estamos inseridos.
De tanto ouvir o que não queremos, passamos a filtrar grosseiramente aquilo que consideramos desnecessário.
Mas nem sempre conseguimos.
Aprendemos que, para sermos ouvidos, devemos falar mais alto do que os outros e não esperar a nossa vez...
Gritar.
Somos ouvidos?
Não adianta... Por mais alto que gritemos, somos anulados por um sistema que insiste em nos manter mudos.
E mudos ficamos diante de tudo isso que está acontecendo.
A repercussão de nossas palavras só existirá quando o mundo parar para ouvir ou quando ele mesmo aprender a falar sozinho.
O mundo não ouve.
O mundo não para.
O mundo não pensa.
O mundo não fala.
Só nos resta ensinar a esse analfabeto o verdadeiro conceito de vida.
Caso contrário, morrerá sem nunca ter vivido.
Discussões, temas, conflitos, perguntas, respostas, idéias, reflexões...
Desconcentração?
Não.
É melhor voltar a estudar antes que esse passeio se torne uma viagem pelos lugares mais longínquos da existência humana.

Momento

on domingo, 7 de fevereiro de 2010
Estava sem fazer nada, melhor dizendo, tinha muita coisa para fazer. Mas não estava com a mínima vontade de começar. Quis apenas pensar na sua vontade incontrolável de querer expor seus pensamentos no papel, suas angústias, seus desesperos. Não queria ver as suas responsabilidades, seus compromissos que o aguardavam tão desejosos para poder dizer-lhe: “você não se livrará de nós” – com um pequeno sorriso sarcástico e pesado. Ele ficou refletindo sobre isso e concluiu que era verdade, eram inevitáveis.
Do que adiantava ele saber disso, se não se importava. Sabe ele que é jovem, tem tempo em demasia pela frente. Dará para ele fazer tudo o que quer. Será mesmo?
Após ler o texto de uma amiga, indagou-se: “Há quanto tempo não tenho um pesadelo... isso não é bom, creio eu”. Isso não é bom? Quem gosta de pesadelos? Você gosta? É até de se estranhar. Ele via-os de uma forma diferente. Ele os vê de uma forma diferente. Ter pesadelos pode ser um momento de confronto com nossos próprios medos, um teste sobre nossa coragem, um instante para mostrar nossas fragilidades e tentarmos superá-las. É um meio de maturação, de crescimento.
Apesar dessa idéia positiva sobre pesadelos, sempre surge, sorrateiro, o “É ruim”, pois acordamos no meio da madrugada, suados, tensos, às vezes chorando, às vezes lamentando, lutando para esquecê-lo.
Ao contrário dos sonhos, os pesadelos costumam ser lembrados mais facilmente. Você pode dizer: “Tive um sonho muito bom, mas não lembro”. Por que será que isto acontece? - Questionava-se ele em seus devaneios. Talvez seja porque despertamos bem, despreocupados, a fazer em poucos segundos a agenda do dia. Quando nos colocamos de frente ao espelho, olhos um pouco cerrados, pedindo por mais algumas horas de descanso, a escova a limpar cuidadosamente os dentes, subitamente lembramos: Qual foi mesmo o sonho que tive? Qual foi mesmo?! A leve indignação por não lembrar do sonho levanta-se enraivecida. Os olhos ficam vivos, os devaneios se misturam... o sonho, o sonho foi-se embora sem ao menos dizer “adeus”, assim como a solidão...
Ele está se sentido mais solto, menos preocupado.
As palavras que queria expressar foram todas ditas? Dizia que, enquanto vivesse, elas iriam sempre aparecer em alguma folha. O que foi posto agora, não passa de um fragmento do texto, do texto chamado vida. Jamais irão acabar, a não ser que Ela venha me pegar para juntos sairmos deste mundo e irmos para outro, onde, talvez, os sonhos sejam eternos.

Solidariedade

on quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
A solidariedade é algo bom, necessário e presente em nosso Mundo. Entretanto, apenas alguns homens conseguem praticá-la de coração.

A sociedade, em que vivemos, propicia uma rotina na qual o indivíduo tenderá a pensar mais em si do que no próximo. E quando pensa em ajudar, não é com a real e sincera solidariedade.

A real e sincera solidariedade ocorre quando reservamos um tempo do nosso dia-a-dia para deveras ajudar seja falando palavras de incentivo, seja escutando desabafos de alguém.

Quando agimos dessa forma, estamos conquistando a confiança, ou mesmo, quiçá, a amizade...

Solidariedade, não tem idade. Ela está aberta a abraços sempre. O quão difícil é abraçá-la? Não é difícil, mas também não é fácil. Isso vai depender de como o indivíduo se comportará perante as vicissitudes da sociedade e da sua vida pessoal.

Durante a sua vida particular, a educação circunda muito profundamente e delineia gradativamente os pensamentos e as ações do homem. Contudo, não é preciso ser letrado para ser solidário. Um iletrado pode ser mais solidário do que um indivíduo em cuja posse está um diploma.

Solidário, solidariedade. Escrevi muitas vezes estas palavras no decorrer do texto. Tê-la conosco, escrevê-la em demasia. É uma honra. Todavia, sentindo-se incapaz de poder expressá-la, o homem inventa desculpas e põe a sua razão para fugir furtivamente de ter que estender o seu braço, os seus ouvidos, os seus conselhos, o seu abraço, o seu ombro, os seus objetos... a sua vida.

Por quê?

on segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Olhei para um lado, olhei para o outro
Não vi ninguém
Olhei para a sala, vi meus irmãos
Não vi ninguém
Olhei para o corredor, vi meus pais
Não vi ninguém
...
Quem eu vi?
Eu realmente vi?
Os meus olhos realmente vêem algo?
O Mundo em que vivo me mostra o que?
...
Você não vê?
Como é que pode?
São seus irmãos, não os reconhece?
São seus pais, não os reconhece?
...
Eu reconheço e não os reconheço.
O Mundo me exibe outra coisa.
...
O que?
...
Eu não sei. Só sei que devo viver...

Eu estou mesmo vivo?

Isso não seria apenas um reflexo do que gostaria de ver?
Ver eles falando, ver eles sorrindo.
Sentir eles me abraçarem, sentir eles me confortarem.
Poder escutar deles: Por que essa cara?
Por que está tão sério?
Por que não vive?
Por quê?