Pétala

on sábado, 3 de dezembro de 2011
A rosa já não se mantinha forte como antes. Suas pétalas estavam feias, sem vida... quase mortas. Por mais que a luz branda do sol e as gotas gentis da chuva alimentassem-na, não conseguia fazer com que o seu colorido permanecesse a embelezar a natureza.

Ela sofria constantemente os impactos da forte ventania. Gritava de dores, mas ninguém a ouvia. As pessoas que, próximas a ela, caminhavam, simplesmente ignoravam suas inaudíveis súplicas e pedidos inocentes. Digo inocentes porque ela ainda parece não ter notado a ausência de delicadeza e pudor dos sentimentos humanos.

E chorava... uma de suas pétalas, após se desprender de seu frágil corpo, lentamente caía em direção às impurezas do corredor sujo pelo qual os indivíduos pisam com violência. E com violência pisariam o último suspiro e choro da rosa, que se tornaria seca e despudorada.

A ventania, contudo, diminuiu e, percebendo o fim ao qual a rosa chegava, embalou a pétala e lançou-a ao mundo. O último suspiro e choro tornar-se-iam seu olhar fraco, nervoso e trêmulo, pois ia em direção ao desconhecido, o qual, talvez, viesse a ser sua salvação.

O vento, agora calmo e sereno, levou-a a diversos lugares. Estes lugares iam da melancolia de crianças à angústia e solidão dos idosos; iam do sorriso alegre e pejo da infância ao sorriso infeliz e inescrupuloso da velhice; iam do correr vivo e intenso do sangue jovem ao cedo derramar deste sangue em lugares desconhecidos que a morte faz tanta questão de construir.

A pétala presenciou a força da natureza ao observar a destruição de construções por furacões, tufões e terremotos. Também presenciou a força do homem a queimar florestas, a derrubar árvores, a poluir mares e rios, a matar peixes, pássaros, ursos, jacarés, a bombardear grandes cidades e a pintar em preto e branco a vida de seus semelhantes. Que força tão estúpida é esta, a do homem? - pensou a pétala.

Cansado, o vento parou de envolver a pétala, quem, aos poucos, iniciou uma queda livre. Neste mesmo instante, uma criança nascia e um choro alto repercutia pelo ambiente do parto como o brado de uma guerra que acabara de começar.

Nessa mesma sala, havia uma janela de vidro fechada, através da qual a pétala viu aquele momento, o qual foi desenhado, cautelosamente, no seu último quadro disponível, onde foram lançados o colorido da inocente vida.

Agora, a rosa encarava os mistérios do caminho em cujo fim estão os campos paisagísticos onde o nascimento e a morte são extremos que não são extremos; inimigos que são amigos; amigos que são irmãos.

E a pétala? A pétala sumiu entre os frenéticos passos do homem.

Este é o mundo em que vivemos.

Hora

on sexta-feira, 25 de novembro de 2011
De parar. Não no sentido de desistência de alguma coisa ou de alguém, mas no sentido de “amadurecência”. Sim, notar-se alguém. Perceber que é e parar de fazer o que incomoda. Sem conotações motivacionais, compreende?
De pensar. Isso, parar para pensar e pensar no porquê de se estar parando. Refletir e ser sincero comigo mesmo. Aliás, sinceridade não tem me faltado.
De parar de pensar demais ou de parar de pensar em parar.
De ser mais simples, descomplicado. Olhar para uma frase e ver somente a frase, nada mais que isso... É tão... Salve a simplicidade! Cidade.
De continuar. De agir. De andar. De correr! De pensar em movimento, avançando sempre. O tempo não me espera. Vê, nota, espia, observa, olha que dia é hoje... Então, não é mais. Já passou. Percebeu? Nem eu! A dinâmica dos dias tem sido algo assustadora quando analisada. E eis que a nostalgia tem estado tão presente ultimamente...
De sair. Ver, rever, conhecer, viajar, curtir (sem alusões a vícios cibernéticos, fui claro?). Ah, viajar...! Tem coisa melhor? “Desbravar”, como diria um amigo. Abstrair... Não, não vou cair na armadilha de um texto anterior. Quero o simples.
De assistir, prestigiar, admirar, criticar, relembrar.
De ler... O que eu gosto de ler! Não o que eu devo ler para obter uma nota.
De cantar! Aos quatro cantos sem mira. Além disso, de tocar errado no violão por mim afinado uma canção que era fácil, mas agora se tornou difícil pela escassez de prática nas seis cordas.
De rir... Mais do que o normal, do que o conveniente. Mais, bem mais! Mania irritante essa de me estressar com besteira... É chata mesmo! Veja só você, eu ficando com raiva da minha facilidade em ficar chateado. Perceptível o drama.
De tanta coisa... De tantas vontades... De tantas saudades... De tantos lugares... De tantos projetos pessoais... De tanto!
De sonhar.
De dormir... Até!

Ímpeto

on quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Fiquei com vontade de escrever.Porém, escrever o quê? Não faço a mínima ideia. Esta sensação veio até mim semo meu consentimento, sem que eu esperasse. Não quis ignorá-la. Pelo contrário,decidi jogar estas palavras aqui por mais que não tenham nenhum impacto na suavida ou na minha.

Eu, particularmente, não gosto deescrever algo sem vida, sem impacto, sem muito sentido. Se por um acaso você nãoentender o que digo, não é porque o texto é mal escrito, e sim porque minhasagruras foram colocadas sem o cuidado necessário em seu pedestal branco esolene.

Poderia passar a madrugadaescrevendo coisas desinteressantes com pitadas de coisas interessantes oucoisas interessantes com pitadas de coisas desinteressantes. Mas não quero.

O que quero agora, após tersanado esse meu ímpeto de escrever, é dormir. Amanhã, mais uma vez, estarei naminha rotina, na qual tento inserir um pouco de dinamismo com a realização deatividades... várias atividades.

Caso tenha muitos erros degramática nesta postagem, desde já peço desculpas. Em nenhum momento me preocupeiem fazer correções. As únicas correções que desejo fazer são a de outros erros em minha vida.
...

Fragmentos

on sábado, 1 de outubro de 2011
A poeira criouforma e corpo neste quarto escuro e solitário.

Sentado eleolha para ela e treme... É o medo.

Não sabecomo reagir. Caso se levante, irá, fraco, tombar.

Sabe tambémque suas lágrimas de dor vão secar e que seu choro seco vai gritar e...

Pedir ajuda

... Talvez

Precisava decomida e de bebida. Há dias estava ali esperando alguém para ajudá-lo.

Precisava dealguém, de alguém... por perto.

São muitasas suas paixões e seus amores.

Dentro deuma amizade quiçá esteja seu maior amor inatingível e impossível.

Quem sabe nãosejam o inatingível e o impossível os caminhos para a sua felicidade.

Quem sabenão seja você o seu refúgio.

!
Talvez vocênão goste, não é?

Ele não se importa.Seu olhar firme e estático mostra sua frieza.

É um frioperigoso, de pensamentos algumas vezes sombrio.

Não gostariade tê-los.

Mas têm...enraivece-se por isso e martiriza-se.

?

Pensa namorte às vezes.

Porém, não aquer.

Se pudesse,assassinava a Morte.

Porém, nãoquer.

E o que elequer? O futuro

Seu futuro.

Quem sabe, onosso.



Monossílabos da Amizade

on quinta-feira, 21 de julho de 2011
Olho para o teto deste quarto e vejo uma penumbra amarga e triste. Não fico assustado, pois, às vezes, não sei se é o teto ou o espelho da minha alma... E é esta dubitável questão que me acalanta, um pouco, o coração... Coração inquieto, inseguro, incansável... Buscando não ser infeliz.
Parei um instante, com os olhos fixos não mais no teto, mas no chão. Pensativo, eles viam algo que não era mais o piso do quarto, ou a formiga a caminhar sobre este... Viam passar, naquele momento nostálgico, as minhas mais felizes lembranças e as que, de tão tristes, faziam lágrimas brotar e molhar aquele chão invisível.
Meus pés, irresolutos, recebiam daquelas os resquícios da tristeza que tocava aquele que meus olhos viam invisíveis. E, quando isso acontecia, percebi a ausência de alguém com quem eu pudesse compartilhar os dias sofríveis pelos quais passei e pelos quais, provavelmente, virei a passar.
Solidão? Talvez. Eu que sempre gostei de manter monólogos calorosos, principalmente em momentos tristes como esse, precisava conversar com alguém, pois eu já não me bastava... Não queria mais ouvir meus próprios conselhos.
Comecei a me perguntar: "Com quem eu poderia compartilhar palavras tão decrépitas? Quem seria a pessoa? Quem as escutaria e as transformaria em piadas, piadas que tirariam do meu rosto o já, para mim, desconhecido sorriso?” Estas questões me mergulhavam novamente em meus monólogos fervorosos, perigosos vilões da minha trépida alma. A resposta não demorou a se evidenciar. Quando o telefone tocou de forma intrusa e irritante a quebrar o silêncio do ambiente que disfarçava a guerra barulhenta que havia em mim, o simples cumprimento mecânico e peculiar da ligação me mostrou que eu já sabia a resposta.
Amigos.
E um deles estava do outro lado da linha.
Foi então que, imperceptivelmente, sorri. O silêncio que me envolvia e a penumbra que vi desapareceram. Circundavam-me alguns objetos e livros. Meus olhos, agora irrequietos, pareciam mais vivos e não mais cabisbaixos. Agora se dirigiam em direção à porta, ao horizonte, certos da solidez que possuíam e da veracidade da sua existência. Sabiam para onde ir e com quem poderiam contar...
... Finalmente feliz, disse: “Diz!”.
Meu amigo, no auge de sua calma que, pelo simples fato de tê-la, já transmite uma mensagem de que tudo tem solução e de que tudo acabará bem, responde com uma palavra que aparenta não conter em si todo o significado que, para mim, ela comporta: “Opa!”.
Monossílabos... Não os menospreze, pois, a partir deles, compreendi o verdadeiro significado de amizade.



Autores: Anderson Carlos e Roberto Ruiz

Ontem e hoje

on domingo, 6 de fevereiro de 2011
Busquei no teu jeito simples o meu jeito desajeitado e
Reencontrei em ti o meu sorriso fugitivo.
Uni a minha complexa forma de ver a vida às
Nuances da tua forma de me olhar e
Abracei-me ao tempo na ilusória tentativa de detê-lo.
Então...
Apaixonei-me por ti.
Nos teus braços construí os meus planos noturnos de felicidade e,
De beijo em beijo, desenhei com destreza a
Esperança diária de te ter ao meu lado por mais um dia.
Reinventei-me contigo, mesmo sem ser criativo e
Senti uma saudade absurda na simples iminência da tua ausência.
Observando o hoje e analisando o ontem, percebi que
Nada mais faz sentido sem ti.

Que os verbos no passado sejam lidos como a representação fiel da mais pura sinceridade. Entretanto, que não haja hesitação na tentativa de uma releitura os alterando para o presente, pois o sentido não se perde e nem tão pouco a sinceridade dessas linhas e entrelinhas.