Mas em sua frente não conseguia ver nada além da criança, o que o perturbava. Não tirava seu olhar dessa. Ficou a observá-la por bastante tempo até finalmente tomar uma resolução: começou a caminhar na direção daquela, mesmo sem ter em mente um motivo para aquilo, não que lembre de ter-se posto algum. Simplesmente, suas pernas começaram a mover-se, mais por instinto do que por razão. Seus pés não pareciam mais tão tristes e tão incomodados com os passos alheios. Seu sangue circulava mais rápido, mais vivo; em sua visão era perceptível um brilho ainda introvertido. E chegou, chegou perto da criança.
Acocorou-se para nivelar sua altura com a dela. Esta, por um instante, levantou sua cabeça para ver quem era o estranho, logo a abaixando novamente. Ao perceber que ele não ia embora, voltou a erguer o rosto, cuja palidez era camuflada pela impetuosa Tempestade. E os dois encararam-se. Sem hesitar, ele abriu os braços e envolveu aquela com estes. Era um abraço, um abraço. Sem hesitar, também, finalmente fechou os cansados olhos. E a Felicidade em seu rosto esculpiu um sorriso...
Ao levantar as suas pálpebras, notou que o ambiente em seu redor havia mudado completamente. Achava-se sentado numa cadeira de balanço na varanda de uma casa. O céu estava limpo e a rua repleta de passantes. Porém, não era a tela de seus sentimentos.
Sem notar, suas lágrimas, que saiam de seus olhos e que caiam sobre seu peito descoberto e senil, faziam retumbar em seu coração a Tempestade de angústias e de arrependimentos, os quais pincelavam naquela um retrato, um retrato de uma vida, de uma vida quase morte.
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1 comentários:
A tela de nossos sentimentos muitas vezes não é retratada.
Mas, nas poucas vezes que maravilhosamente é, torna-se uma graça.
O final do seu texto é intrigante e esclarecedor.
Faz-me pensar que algumas lembranças simplesmente nunca somem... mesmo quando tuda muda e os anos se passam.
O que posso dizer?
Parabéns!
Sua sensibilidade não cansa de me surpreender.
;***
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