Tempestade II

on domingo, 22 de agosto de 2010
... A saída para outro mundo. Não sabia como ele poderia ser, talvez fosse pior, mais castigado, mais frio. Mas poderia ser melhor. Receava um pouco em arriscar uma ida que não tivesse uma volta segura. Se bem que não lembra muito bem do sentimento de segurança. Suas lembranças da infância sumiram, melhor, não queria lembrar. Foram momentos de felicidade os quais não retornarão mais. Não tinha essa esperança. Não, não. Tinha esperança sim. Ela não se manifestava sempre, não andava sempre de mãos dadas com ele, porém, vez ou outra, empurrava-o, dava-lhe conselhos escutados apenas por ele. E seguia. Não poderia pensar ser esses ruins, pois pensava que tudo advindo dela é bom.

Chegou, finalmente, onde a luz frouxamente clareava. Viu uma criança sentada no chão, encostada num muro, abraçando suas pernas, de cabeça abaixada. Estava chorando. E ele ficou olhando apenas, sem saber o que fazer. As gotas, de agulhas frágeis e sem força, passaram a pesadas pedras de martírio.

O barulho delas sobre o asfalto confundia-se com o choro incontido daquela. Ele procurava em seus devaneios uma explicação para sua esperança tê-lo conduzido até ali. Que atitude essa espera dele? Onde seus passos inertes objetivam estar? Essa criança quer dizer-lhe algo?...

Muitos questionamentos vieram tirar-lhe a calma e a passividade, as quais o envolviam há muito tempo. Ele simplesmente vagava em busca de algo, em busca de uma resposta. Esta, quiçá, estivesse em sua frente...

1 comentários:

Deysilanne Sousa disse...

"Mas poderia ser melhor."
Essa pequena frase move grandes muros e muda muitas vidas.
É o começo das tentativas.
E de uma esperança que, como você disse, deve fornecer apenas conselhos bons...
;***

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