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on quinta-feira, 10 de maio de 2012
Segunda-feira passada, 7, revi uma colega no terminal de Messejana. De um ônibus, ela saiu e veio caminhando em minha direção sem olhar para mim e notar minha presença. Mas eu a fitei e fiquei observando seu caminhar faceiro preenchido de requintes imperceptíveis de uma beleza humilde. Enquanto eu exercia o ofício de Apreciador da Bela Arte, torcia para que a condução em que eu entraria não chegasse.

Deixei-me carregar por aquela beleza que reacendeu a fogueira das reminiscências. Os meus olhos, então, fixaram-se na claridade das chamas, as quais transportaram-me à época em que o contato entre eu e ela era estreito e cheio de afeto, pelo menos de minha parte. Conversávamos muito pelo celular, e também pessoalmente. Apesar da pouca matéria existente e da minha elevada timidez, as palavras fluiam bem entre nós, tal como a liberdade do Vento, quem nos envolvia e tornava o ambiente cálido às coisas do amor.

Mas não foi amor o que senti. Ela, apenas, atraia-me com sua inteligência recatada e guardada e com sua aparente pureza de gentos e de sentimentos. Eu sentia ímpetos de abraçá-la e de beijá-la repletos de uma ternura sem fim. Sentia vondade, também, de deslizar devagar meus dedos pelo seu corpo, a fim de encontrar o caminho ao recôndito de sua alma. Queria tocar-lha e conhecê-la a fundo. Infelizmente, o Tempo tem suas travessuras e brincadeiras de mal gosto irreversíveis. Logo cuidou de separar a moça da minha rotina. Fazer o quê. Bem que eu gostaria de aplicar um de meus golpes marciais neste poderoso agente da natureza e, com isso, obrigá-lo a reviver os dias mortos, nem que fosse para vivenciar novemente alguns intantes com a colega.

Era morena, já ia esquecendo-me de ressaltar isto. Particularmente, tenho queda por mulheres morenas, principalmente por aquelas desenhadas, cuidadosamente, pelas mãos do Pintor. Elas têm, quase, a cor do chocolate; são saborosas como este. Tenta à carne, mas não ao espírito. Ah, mulheres, mulheres! Ainda bem que existem e são tão diferentes! Ai ai... Meus pensamentos já se dirigem à figura de outras. Devo conter-me e ficar na que vi segunda, melhor, revi.

Pois é, ela desceu do ônibus e foi a uma fila esperar outro. Não me viu. Se viu, não quis papo. Eu a via e também nem o quis, não porque não quisesse, e sim porque não queria perder meu lugar na fila, que era bom, próximo da entrada da condução. Além disso, caso inventasse de ir ter com ela um reencontro, havia o risco do transporte dela chegar antes mesmo deu me aproximar. Não valia a pena. Não éramos amigos, não éramos nada.

Agora, meu ônibus chegou. Ele já vem lotado de devaneios diversos. Estes não vêem a hora de chegar ao terminal do Fim, cuja proximidade é grande.

Seguirei a minha trilha e ela seguirá a sua. É assim mesmo. Um dia, quem sabe, não sinta o gosto de tão bom doce. Pode ser outro, novo. Se não vier a degustá-lo, contertar-me-ei com o bom cheiro da apreciação.



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